ATA DA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 18-02-2000.

 


Aos dezoito dias do mês de fevereiro do ano dois mil reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas, foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Cyro Martini, Décio Schauren, Gilberto Batista, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro e Paulo Brum. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Saraí Soares, Sônia Santos e Tereza Franco. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Adeli Sell, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 08 e 19/00 (Processos nºs 412 e 499/00, respectivamente); pelo Vereador Eliseu Sabino, 05 Pedidos de Providências; pelo Vereador Gilberto Batista, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Hélio Corbellini, o Projeto de Resolução nº 03/00 (Processo nº 458/00); pelo Vereador João Carlos Nedel, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador João Dib, o Pedido de Informações nº 09/00 (Processo nº 501/00); pelo Vereador Jocelin Azambuja, 01 Pedido de Providências, o Pedido de Informações nº 165/99 (Processo nº 4023/99), a Emenda nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 210/99 (Processo nº 3787/99) e 01 Emenda ao Projeto de Lei do Executivo nº 50/99 (Processo nº 3806/99); pelo Vereador Nereu D’Avila, 01 Pedido de Providências e o Projeto de Resolução nº 01/00 - A (Processo nº 132/00). Também, foram apregoados os seguintes Requerimentos, deferidos pelo Senhor Presidente, solicitando desarquivamento de processos: de autoria do Vereador Antônio Losada, com referência aos Projetos de Lei do Legislativo nºs 80, 205, 207, 211, 212, 218 e 219/99 (Processos nºs 1936, 3709, 3711, 3789, 3790, 3862 e 3864/99, respectivamente); de autoria do Vereador Carlos Alberto Garcia, com referência aos Projetos de Lei do Legislativo nºs 60, 87, 96, 102, 143, 166, 197 e 199/99 (Processos nºs 1667, 1995, 2096, 2161, 2772, 3007, 3594 e 3638/99, respectivamente) e ao Projeto de Resolução nº 66/99 (Processo nº 3695/99); de autoria do Vereador Fernando Záchia, com referência ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 04/99 (Processo nº 1700/99); de autoria do Vereador Gilberto Batista, com referência aos Projetos de Lei do Legislativo nºs 178, 198, 207 e 208/97, 72/98 e 81, 119, 147, 160 e 191/99 (Processos nºs 3067, 3331, 3533 e 3534/97, 1524/98 e 1941, 2456, 2796, 2916 e 3500/99, respectivamente), ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 13/98 (Processo nº 2267/98) e ao Projeto de Resolução nº 34/99 (Processo nº 2265/99); de autoria do Vereador João Dib, com referência aos Projetos de Resolução nºs 50 e 60/99 (Processos nºs 2895 e 3398/99, respectivamente); de autoria do Vereador Lauro Hagemann, com referência aos Projetos de Lei do Legislativo nºs 99/98 e 131/99 (Processos nºs 2121/98 e 2639/99, respectivamente) e ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 05/99 (Processo nº 2012/99); de autoria do Vereador Paulo Brum, com referência aos Projetos de Lei do Legislativo nº 33/97, 150/98, 144, 156, 193 e 214/99 (Processos nºs 875/97, 2993/98, 2780, 2852, 3513 e 3816/99, respectivamente) e ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 03/97 (Processo nº 783/97). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 91/2000, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 31/2000, do Senhor Odir Alberto Tonollier, Secretário Municipal da Fazenda; 156/2000, do Senhor Gilberto Chiapinotto, Superintendente de Negócios da Caixa Econômica Federal - CEF; 510/1999, do Senhor César Cláudio Moreira Giraldes, Diretor do Departamento de Gestão do Fundo Nacional de Assistência Social do Ministério da Previdência e Assistência Social. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Raul Kroef Machado Carrion, representante da Associação dos Servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - ASSUFRGS, que discorreu sobre o lançamento de manifesto intitulado “Movimento em Defesa do Brasil, da Democracia e do Trabalho”, tecendo considerações acerca da conjuntura sócioeconômica do País e convidando a todos para participar do Seminário sobre Defesa do Brasil, da Democracia e do Trabalho, a ser realizado nos dias dezessete, dezoito e dezenove de abril do corrente, na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Juarez Pinheiro, João Dib e Gilberto Batista manifestaram-se sobre o assunto abordado em Tribuna Popular. Às nove horas e trinta e três minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às nove horas e trinta e quatro minutos, constatada a existência de “quorum”, e, em continuidade, foi aprovado Requerimento do Vereador Carlos Alberto Garcia, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente João Batista Pirulito, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. Após, o Vereador Paulo Brum, na presidência dos trabalhos, registrou o falecimento do Senhor Dante de Laytano, ocorrido no dia de hoje, informando que o velório será realizado no Salão Glênio Peres. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Pedro Américo Leal externou sua preocupação com os índices de criminalidade observados no País, destacando a necessidade da implementação de técnicas mais eficientes para a promoção da segurança pública e comentando projeto de sua autoria que visa a coibir a criminalidade urbana e mobilizar a opinião pública sobre o assunto. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Executivo nºs 55 e 56/99, discutidos pelos Vereadores Gilberto Batista, Antonio Hohlfeldt, Guilherme Barbosa, José Valdir e Maristela Maffei. Durante o período de Pauta, o Vereador Antonio Hohlfeldt formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando cópias dos Ofícios nºs 156/2000, de autoria do Senhor Gilberto Chiapinotto, Superintendente de Negócios da Caixa Econômica Federal - CEF, e 510/1999, de autoria do Senhor César Cláudio Moreira Giraldes, Diretor do Departamento de Gestão do Fundo Nacional de Assistência Social do Ministério da Previdência e Assistência Social, constantes do Expediente encaminhado à Mesa no dia de hoje. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Antonio Hohlfeldt questionou os valores destinados pelo Executivo Municipal a creches comunitárias e manifestou-se contrariamente à forma de credenciamento de jornalistas para a cobertura do Carnaval na Cidade. Também, criticou alterações promovidas nas contas dos clientes do Banco do Estado do Rio Grande do Sul - BANRISUL e referiu-se à demissão do Jornalista Gilberto Simões Pires da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão. O Vereador João Bosco Vaz comentou os debates políticos internos promovidos pelo Partido Democrático Trabalhista, para a indicação do candidato desse partido para as próximas eleições municipais, destacando a existência de uma disputa democrática nesse sentido e manifestando seu apoio à pré-candidatura do Deputado Estadual Vieira da Cunha para a disputa pelo cargo de Prefeito Municipal. A Vereadora Helena Bonumá discorreu sobre os objetivos da realização, pela Secretaria Municipal da Cultura, de Seminário voltado aos órgãos da imprensa que realizarão a cobertura do Carnaval de Porto Alegre. Ainda, reportou-se ao trabalho do Executivo Municipal junto às creches comunitárias e salientou a importância do Movimento de Defesa do Brasil, da Democracia e do Trabalho. O Vereador Gilberto Batista analisou as políticas de saúde pública atualmente implementadas em Porto Alegre, questionando a diminuição no número de consultas realizadas através do Sistema Único de Saúde - SUS e o volume de investimentos realizados nessa área. Ainda, atentou para a situação do Posto de Saúde da Vila Nazaré, bem como a ausência de saneamento básico nas ruas desse Bairro. O Vereador Lauro Hagemann, ao referir-se às mudanças promovidas pela Secretaria Municipal dos Transportes na sistemática de embarque em ônibus que atendem a Zona Norte da Cidade, informou a realização, ontem, de reunião da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação, na qual o Senhor Alexandre Goulart, Técnico dessa Secretaria, compareceu para prestar esclarecimentos sobre o assunto. O Vereador Fernando Záchia teceu críticas ao Executivo Municipal pelo atraso verificado na recolocação de coberturas em paradas de ônibus urbanos, especialmente na Avenida Farrapos. Ainda, comentou iniciativa da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A. - TRENSURB, de instalar coberturas nas paradas de ônibus situadas junto à Estação São Pedro. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA e o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre a divulgação do teor dos Requerimentos em tramitação neste Legislativo; determinou a distribuição, aos Senhores Vereadores, de informativo referente ao funcionamento do Sistema Eletrônico de Votações e prestou informações acerca do fato relatado pelo Vereador Fernando Záchia durante a Primeira Sessão Ordinária, referente à tramitação de Pedido de Providências de autoria desse Vereador. Após, foi aprovado Requerimento verbal de autoria da Vereadora Helena Bonumá, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 52/97, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, João Dib e Juarez Pinheiro. Em Discussão Geral e Votação, foram aprovados os Projetos de Lei do Executivo nºs 37 e 42/99. Foram aprovados os seguintes Requerimentos: de nº 254/99 (Processo nº 4087/99 - Moção de Solidariedade à Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus Inácio Montanha, pelos setenta e cinco anos de luta em defesa da escola pública de qualidade), de autoria do Vereador Jocelin Azambuja; de nº 16/00 (Processo nº 372/00 - Grande Expediente destinado a homenagear o transcurso do nonagésimo quinto aniversário do Rotary Clube Internacional), de autoria do Vereador Isaac Ainhorn; de nº 247/99 (Processo nº 3867/99 - Ouvida da Comissão de Constituição e Justiça para que defina o que se entende por “casos de emergência” ou “calamidade pública”, conforme o inciso IV do artigo 24 da Lei Federal nº 8666/93), de autoria do Vereador João Dib, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib e Renato Guimarães; de nº 17/00 (Processo nº 434/00 - Moção de Repúdio às declarações do Presidente da Associação Brasileira de Farmácia - ABIFARMA, prestadas na Comissão Parlamentar de Inquérito que apura irregularidades na indústria farmacêutica), de autoria do Vereador Adeli Sell; de nº 19/00 (Processo nº 485/00 - Moção de Protesto à Federação Gaúcha de Basquete e à Empresa Soma Comércio, Distribuição e Representação de Produtos Lotéricos, pela divulgação e venda da loteria instantânea “Bônus Vida Com Saúde”), de autoria do Vereador Adeli Sell, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Adeli Sell e Fernando Záchia; de nº 20/00 (Processo nº 534/00 - Grande Expediente destinado a homenagear a Casa Viva Maria), de autoria do Vereador José Valdir, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores José Valdir, João Dib e Maristela Maffei. Foi aprovado o Processo nº 2866/99 (Manifestação da Comissão de Constituição e Justiça sobre Questão de Ordem formulada pelo Vereador Juarez Pinheiro a respeito de Requerimento do Vereador João Dib acerca da instalação de Comissão Especial para acompanhar o cronograma de obras do Programa de Orçamento Participativo), de autoria do Vereador Antonio Hohlfeldt, tendo o Vereador Juarez Pinheiro, através de Questão de Ordem, manifestado-se a respeito e tendo o Vereador João Dib formulado Requerimento verbal, posteriormente retirado de tramitação pelo Autor, solicitando verificação de votação para este Processo. Foi votado o Requerimento nº 188/98 (Processo nº 2610/98 - Ouvida da Comissão de Constituição e Justiça para definição das medidas cabíveis decorrentes do posicionamento dessa Comissão, veiculado através do Parecer nº 209/99), de autoria do Vereador João Dib, o qual obteve dois votos SIM e dez votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib, Juarez Pinheiro, Reginaldo Pujol e Luiz Braz, em votação nominal solicitada pelo Vereador João Dib, tendo votado Sim os Vereadores João Dib e Luiz Braz e Não os Vereadores Adeli Sell, Décio Schauren, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, José Valdir, Juarez Pinheiro, Maristela Maffei, Renato Guimarães, Saraí Soares e João Batista Pirulito, votação esta declarada nula pelo Senhor Presidente, face à inexistência de “quorum” deliberativo. Durante a apreciação do Requerimento nº 188/98, o Vereador João Dib manifestou-se acerca do objeto desse Requerimento. Às doze horas e quinze minutos, constatada a inexistência de "quorum" deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores João Motta e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores Nereu D'Avila e Paulo Brum, este como Secretário "ad hoc". Do que eu, Nereu D’Avila, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Motta): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Raul Kroef Machado Carrion, representando a Associação dos Servidores da Universidade do Rio Grande do Sul - ASSUFRGS -, que abordará o tema Movimento em Defesa do Brasil, da Democracia e do Trabalho, está com a palavra.

 

 O SR. RAUL KROEF MACHADO CARRION: Sr. Presidente, Ver. João Motta, Srs. Vereadores e demais presentes, lideranças sindicais, comunitárias, estudantis aqui presentes, acompanhando esta Sessão, prezados funcionários da Casa.

Estamos aqui em representação do Comitê Municipal de Porto Alegre do Movimento Cívico em Defesa do Brasil, da Democracia e do Trabalho. Como deve ser do conhecimento de todos, em 23 de novembro de 1999, foi lançado, em Brasília, um manifesto em defesa do Brasil, da democracia e do trabalho, assinado por cento e quinze personalidades políticas, culturais, intelectuais, dos movimentos sociais do País, levantando, nessa quadra difícil pela qual passa a nossa Nação, três grandes bandeiras que entendemos que calam e calarão fundo no coração de todos aqueles que querem ver o Brasil soberano, justo e um Brasil democrático.

Para se ter uma idéia da amplitude desse movimento, vamos referir algumas dessas personalidades que assinam o documento, como Godofredo da Silva Teles, Barbosa Lima Sobrinho, Celso Furtado, nosso gaúcho Luis Verissimo, Ariano Suassuna, Aziz Nacib Ab’Saber, Milton Santos, Raymundo Faoro e tantos outros intelectuais de grande história neste País; lideranças do movimento social, como o Presidente da CUT, Vicentino; João Pedro Stédile, do MST; a Presidente da UBES, Carla Thaís dos Santos; Presidente da UNE, Wadson Ribeiro; Presidente da CONTAG, Manoel dos Santos; o Bispo Mauro Morelli, Bispo Tomás Balduíno, e tantas outras lideranças do movimento social. No campo político: Lula, Brizola, Arrais, João Amazonas, Almino Afonso, Zuleide de Mello, Olívio Dutra, Raul Pont, Tarso Genro, lideranças dos mais diversos partidos; lideranças empresariais e assim por diante.

Qual é o pensamento, o entendimento expresso nesse documento histórico, no nosso entender? Esse documento convoca o nosso povo a um grande movimento cívico na defesa dessas três bandeiras: o Brasil, a democracia e o trabalho. Expressa o entendimento de que os rumos que o nosso País vem tomando na implementação do que é conhecido em todo o mundo por esse projeto neoliberal está levando à desconstituição da Nação brasileira, à liquidação dos direitos sociais, direitos trabalhistas históricos conquistados no decorrer deste século e está, inclusive, levando a uma crescente restrição da democracia, haja vista que esse projeto neoliberal hoje, em todo o mundo, é contestado, em todo o mundo enfrenta dificuldades crescentes a ponto de o próprio magnata das finanças da megaespeculação, o Sr. Soros, ter vindo a público dizer que é preciso mudar de rumo, a ponto do próprio FMI, implementador dessas políticas que só beneficiam as grandes nações, mais fortes economicamente, confessar que o FMI precisa pensar nos problemas sociais, a ponto de, em todo o mundo, os governos neoliberais - na Inglaterra, na França, na Alemanha - serem derrotados. Na América Latina, temos um processo importante: na Venezuela, a luta do povo equatoriano, as eleições na Argentina, derrotando o principal representante desse projeto neoliberal, no próprio Chile, etc. É preciso que se mobilize a nossa Nação para evitar que ela seja destruída.

Aqui, no Rio Grande do Sul, estamos diante da ameaça clara da entrega de um outro importante patrimônio do nosso Estado, que é a REFAP. Imagino que os Srs. Vereadores já devem estar debatendo sobre essa questão. Os executivos da REPSOL, a empresa que adquiriu a IPF na Argentina, uma empresa espanhola, já está fazendo a vistoria na REFAP, que, na surdina, está sendo negociada, assim como outras refinarias do País, sendo mais uma entrega a uma multinacional.

A palavra privatização em nosso País é um mero eufemismo para significar a desnacionalização, e esse seria o termo real que deveria estar sendo aplicado. Feita essa desnacionalização em nome do combate a monopólios ditos estatais, hoje isso está levando a uma monopolização privada dos principais setores econômicos do País.

Em nível de democracia, observamos que o pacto federativo há muito tempo inexiste. A dita divisão de poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário - passou a ser uma ficção, porque em lugar de o parlamento legislar, o Executivo legisla neste País através da assinatura de mais de quatro mil medidas provisórias só pelo atual Presidente da República.

No campo social, não precisamos falar. Os direitos trabalhistas estão sendo liquidados. As últimas medidas são no sentido de zerar toda a legislação trabalhista e colocá-la na mesa de negociações dos sindicatos com os empresários, quando se sabe que nessa mesa, em um momento de recessão, em um momento de desemprego crescente, é uma falsa negociação, é simplesmente uma imposição. Portanto, com esse encaminhamento que zera a legislação trabalhista, todos os direitos sociais dos trabalhadores estão sendo entregues.

Por tudo isso é que está sendo lançado também aqui, no Rio Grande do Sul, esse movimento cívico em defesa do Brasil, da democracia e do trabalho. Nós temos a absoluta certeza de que esta Casa, que sempre foi palco de grandes debates políticos, sociais, que sempre se posicionou, com nenhuma exceção, no meu entendimento, de uma forma correta diante desses problemas, que esta Casa também se empenhará num papel extremamente importante nessa luta, que é uma luta - entendo - suprapartidária, que é uma luta de todos aqueles que defendem a Nação brasileira, que defendem a democracia, que defendem os direitos do nosso povo.

O Comitê Municipal de Porto Alegre terá a sua próxima reunião no dia 15 de março. Estamos convidando, formalmente, todos os vereadores a se fazerem presentes. Será na Assembléia Legislativa. Mandaremos, oportunamente, o convite oficial. Está previsto um grande seminário em torno desta temática nos dias 17, 18 e 19 de abril, quando haverá um debate sobre a questão da defesa do trabalho, um debate em torno da defesa da democracia e um debate em torno da defesa do Brasil. Nessa mesma ocasião será feito o primeiro ato público no nosso Estado e na nossa Cidade e, também, será lançado esse manifesto com as assinaturas das lideranças e personalidades políticas e sociais do nosso Estado, que irão firmar também esse documento.

Agradecemos a atenção dos Srs. Vereadores por este espaço democrático que esta Casa coloca à disposição das entidades e nos colocamos ao dispor para qualquer esclarecimento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos o representante da Associação dos Servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul a fazer parte da Mesa.

Abrimos espaço para que as Lideranças se manifestem por dois minutos, nos termos do art. 206 do Regimento. O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra pela Bancada do PT.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, por deferência da Líder da nossa bancada, Ver.a Helena Bonumá, e, principalmente, por já estar participando juntamente com os companheiros do Comitê, entendemos, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, que é absolutamente oportuno que na abertura dos trabalhos legislativos tenhamos esta Tribuna Popular, porque o momento pelo qual passa a Nação é de uma gravidade extrema. Reforço as palavras do Sr. Raul Carrion no que tange à responsabilidade das pessoas que subscrevem esse movimento e saúdo o Comitê e as entidades que acompanham o orador.

Este manifesto visa a trazer a reflexão sobre o grave momento por que passa a Nação, fazendo uma unificação da luta. Nós devemos lembrar o que houve, há pouco, em Seattle, nos Estados Unidos, quando a OMC planejava fazer a liberalização final dos mercados para que os países ricos pudessem penetrar ainda mais nos mercados dos países pobres, enquanto esses se fecham, não permitindo, sequer, como no caso do Brasil, que venhamos a exportar sucos ou quaisquer outros produtos agrícolas. O movimento sindical e os trabalhadores impediram que a Secretária do Trabalho do Governo Clinton sequer abrisse a reunião na Organização Mundial do Comércio. Não houve a reunião, e os neoliberais tiveram que sair de lá, como eu digo, “com o rabo entre as pernas”.

Leio um trecho do manifesto, que, na verdade, é uma reflexão profunda da crise brasileira: “Nunca o presente e o futuro do Brasil estiveram tão ameaçados; jamais sofreu a nossa soberania as humilhações que ora suportamos; vivemos momentos cruciais em nossa história. Ou os brasileiros dão um basta nesse processo de desconstituição da Nação ou o próprio futuro do nosso País estará comprometido.”

A submissão do Governo brasileiro a essa lógica neoliberal, a idéia do caminho único e de que não temos outras alternativas está gerando, entre outras coisas, por exemplo, a nossa triste colocação como terceiro País em desemprego no mundo. Há uma dívida externa que chega a 400 bilhões de reais, quando, no início do Plano Real, era de 60 bilhões; há uma dívida interna de 253 bilhões; e, acima de tudo, Ver. Pedro Américo Leal, a perda da nossa soberania, o ataque à democracia e a retirada dos direitos dos trabalhadores.

Portanto, queremos parabenizar a entidade que aqui utilizou a Tribuna Popular e a todas as demais entidades que aqui estão. Esse é um documento importante na unificação da luta, porque o nosso País precisa, de uma vez por todas, tomar a dianteira, assim como fizeram os trabalhadores em Seattle e assim como ocorre em Chiapas, no México. Nós também precisamos tomar a dianteira nessa luta, porque nós não estamos mais numa fase de exclusão. Nós estamos agora numa fase de execução da maioria do povo do planeta. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra pela Bancada do PPB.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Sr. Raul Carrion, Srs. Vereadores, evidentemente a preocupação do Movimento em Defesa do Brasil, da Democracia e do Trabalho só pode ser um sucesso. Aqui apenas cento e quinze governadores assinaram, porque foi o primeiro dia, o primeiro momento. Além dos governadores, assinaram prefeitos, senadores, deputados federais e o Presidente da Câmara Federal. Então, não há por que temer quanto ao sucesso.

Espero que o movimento realmente seja sincero e busque uma solução, não que o movimento sirva para críticas que não têm maiores fundamentos. Às vezes, são apenas críticas contra aqueles que dirigem. Portanto, cumprimento e faço votos que haja, realmente, sucesso pleno do Movimento em Defesa do Brasil. Se fizer defesa do Brasil, nós acertamos tudo.

No ano passado propus a campanha “Pense Brasil”. Acho que a maioria daqueles que detêm as decisões sobre os nossos destinos nem sempre pensam no Brasil. Mas se fizerem a defesa do Brasil, tudo vai dar certo. Saúde e paz.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gilberto Batista está com a palavra pela Bancada do PTB, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, amigo Raul Carrion, pela mesma linha que eu iria falar, o Ver. João Dib, experiente nesta Casa, externou o seu pensamento. Como membro do Partido Trabalhista Brasileiro, também quero que este movimento tenha sucesso, porque é do nosso País, na realidade, que nós tratamos. Quando este movimento vem em defesa da democracia e do trabalho, nós todos temos que estar aptos a dar apoio e fazer com que as coisas possam acontecer.

Infelizmente, por acordos políticos, a bancada do meu partido no Congresso Nacional, acreditando ser possível uma aliança com o PSDB, pôr um bloco dentro do Congresso... Acho que não foi a medida acertada o Presidente Nacional do PTB, do meu partido, dizer isso publicamente. Errou nesse bloco.

Teria mais coisas para dizer sobre o movimento, mas as notícias de hoje deixam clara a posição do PTB do Rio Grande do Sul de não concordar com o bloco formado no Congresso Nacional juntamente com o PSDB, por entender que a maneira como o PSDB vem conduzindo o País não é satisfatória para nós, do PTB do Rio Grande do Sul. Registro a minha inconformidade com a Bancada do PTB do Congresso Nacional, com o seu Presidente, da infelicidade que teve de fazer essa união com o PSDB.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós queremos, em nome da Câmara Municipal de Porto Alegre, agradecer a presença do representante do Comitê em Defesa do Brasil, da Democracia e do Trabalho e colocar à disposição não só a estrutura física da Câmara, mas também o nosso apoio político, levar à Mesa o assunto, através do material recebido, das comunicações, bem como as notas taquigráficas da manifestação. E, enfim, ver, a partir do calendário proposto pelo Comitê, como que a Câmara Municipal de Porto Alegre pode-se integrar a esse movimento.

Nós interrompemos a Sessão por trinta segundos para as despedidas e retornamos logo em seguida, sob a coordenação do Sr. 1o Vice-Presidente, Ver. Paulo Brum.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 9h33min.)

 

 O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum - às 9h34min): Estão reabertos os trabalhos. O Ver. Carlos Alberto Garcia solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia de hoje.

 

(Obs.: Foi aprovado Requerimento de licença do Ver. Carlos Alberto Garcia e dada a posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

Registramos, com pesar, o falecimento do Dr. Dante de Laytano, ex-Presidente da Academia Rio-Grandense de Letras e ex-Diretor da UFRGS. Comunicamos que o velório será realizado na Câmara Municipal, no Salão Glênio Peres. Manifestamos nosso pesar à família do Dr. Dante de Laytano.

O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Brasil está sob alarme, tanto, que o Ministro da Justiça proclamou ontem que a criminalidade é alarmante. Quando um ministro diz isso, em todo o País, é para os cidadãos estremecerem. Mas ele esboça um plano por demais tímido, um plano de segurança feito por indivíduos que não entendem de segurança pública, não sabem que a segurança é setorial. Quando se implanta segurança pública em bairros, se faz o que eu e Tarso Genro fizemos aqui, na Câmara - ele, Prefeito; eu, Vereador: criamos os Centros de Apoio Integrado, que hoje estão na Restinga, no Morro da Cruz e no Centro da Cidade.

A segurança urbana, a segurança rural, a segurança em todos os locais precisa de cuidado e da técnica de antever quando o bandido, a criminalidade, vai atacar. O tráfico e o crime organizado é outro problema. A CPI está encarregada do problema do tráfico organizado e da criminalidade organizada. Isso é outro problema. Mas agora nós estamos às voltas com a criminalidade na área urbana, os seqüestros- relâmpagos, que nos preocupam. Por isso, mandei o meu Assessor Parlamentar, Advogado Lauro Balle, aprontar um projeto - não sei se constitucional ou não, não me interessa - para impactar o País, proibindo a abertura de caixas eletrônicas das 19h às 6h. Vou apresentar o projeto. V. Ex.as que resolvam se ele é constitucional ou não, mas pelo menos é um brado. Vamos extinguir a fonte em que os bandidos, em Porto Alegre, procuram raptar, seqüestrar casais, homens e mulheres que, inadvertidamente, precisam tirar dinheiro das 19h às 6h da manhã. Ora, senhores, retirar dinheiro à noite só em última urgência, porque o indivíduo pode perfeitamente se prover de dinheiro durante o dia para depois fazer o saque pela manhã. Por que ele vai retirar dinheiro à noite? Para possibilitar que esses bandidos joviais, que hoje em dia estão até empregando senhoritas, mulheres, para os acompanharem nos seqüestros-relâmpagos e que causam um grande mal à sociedade... Um seqüestro é realizado a cada três horas na noite. Isso tem de acabar! E como é que acaba? Com medidas rápidas. É aí que a segurança fracassa, com essa atitude democrática de respeitar muito a sociedade, sociedade vista como um todo, enquanto uma minoria explora a democracia. Não se tem de fazer isso. A autoridade tem de decidir pela maioria, pelo grupo social extenso, pelo grupo social reunido, e não por uma, duas, três, quatro pessoas que desejam sacar dinheiro durante a madrugada ou durante a noite, os que, inadvertidamente, não recolhem dinheiro durante o dia.

Vou fazer um projeto de lei proibindo a abertura de caixas eletrônicos das 19h às 6h da manhã. V. Ex.as que resolvam! É inconstitucional? Não é? Façam o que quiserem para terminar com essa criminalidade-relâmpago que existe em Porto Alegre.

Aí está uma resposta: o Grupo de Operações Especiais, o primeiro no mundo, na frente da SWAT americana, para combater o crime dentro da Polícia e fora da Polícia, não como o Secretário da Segurança está fazendo: atacando e dizendo que toda a Polícia é corrupta. Não! Dinamizem o Grupo de Operações Especiais, que, aliás, já está criado; patrulhem a Polícia; fiscalizem a Polícia. Está lá o Grupo de Operações Especiais.

Eu vim dar este recado para toda a Câmara: vou fazer um projeto - e V. Ex.as decidam - que proíbe a abertura de caixas eletrônicos das 19h, Sr. “cameraman”, até as 6h da manhã. Não pode abrir nesse horário. O Brasil que copie o que nós vamos fazer aqui. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com apartes)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 3922/99 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 055/99, que declara de utilidade pública a Associação Sulina Divina Providência.

 

PROC. 3924/99 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 056/99, que declara de utilidade pública a Associação de Pais e Mães da Vila Nova Brasília.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gilberto Batista está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, é um início de ano legislativo calmo nesta Casa, mas há projetos tramitando nesta Casa que vão desembocar, evidentemente, em discussões futuras, projetos polêmicos, como o que foi discutido na primeira sessão deste ano, que aborda o sistema de transportes na Cidade, projeto do Poder Executivo.

Hoje, em primeira sessão de Pauta, dois projetos, oriundos do Poder Executivo, declaram de utilidade pública a Associação Sulina Divina Providência e a Associação de Pais e Mães da Vila Nova Brasília, associação essa que pertence a uma região onde este Vereador faz um trabalho social, comunitário, voltado para essa região. A Associação de Pais e Mães da Vila Nova Brasília é mantenedora da Creche Anjinho do Céu. Fico feliz com o Projeto, porque conheço bem a creche, que atende em torno de sessenta crianças da nossa comunidade, e vem, como muitas outras creches, tendo dificuldades para sobreviver no dia-a-dia. São vários os problemas que enfrenta. Como rotaryano, que sou, sei que ela recebe muitas doações do Rotary, o que faz com que essa creche possa conseguir alcançar seus objetivos, que são cuidar, educar, alimentar, prezar pela nossa criança, aquela criança carente, para que a mãe e o pai possam sair com muita tranqüilidade para o trabalho. Fico gratificado, porque conheço a creche, o trabalho desenvolvido, há muitos anos, pela presidência, pela diretoria dessa creche que agora, com esse Projeto, tem a felicidade de vê-la reconhecida como de utilidade pública.

Muitas vezes, lá na vila, lá na periferia, não sabem bem a importância da utilidade pública para essas instituições. Todas as instituições que são declaradas de utilidade pública podem participar de vários projetos no âmbito do governo tanto estadual como municipal. Há uma redução de tarifas, de impostos, enfim, é realmente satisfatório quando uma instituição ganha essa prerrogativa de utilidade pública. Só que, nesse caso, Srs. Vereadores, da Associação de Pais e Mães da Vila Nova Brasília, da creche, eles têm convênio com a FESC e eles lutam há muitos anos para fazerem um convênio com a SMED, e isso nunca foi possível. Ficamos a nos perguntar: se o Executivo faz um projeto de utilidade pública, que é justo, por que a SMED não firma um convênio com essa creche, que precisa? Essa creche, que tem um convênio com a FESC, que é uma fundação assistencial gerenciada pela Prefeitura de Porto Alegre, recebe uma verba. Por que não da SMED, Presidente Ver. Paulo Brum? Será que dentro da SMED existe uma correlação política das creches que são administradas pela Administração Popular e as que não são? Eu vejo claramente nesse processo, dessa creche, principalmente, que isso está acontecendo. De repente, a diretoria da creche ou a presidente da creche é vinculada a algum partido político ou a algum político e por isso se vê na iminência de ver trancada a sua solicitação de convênio junto à SMED.

 

O Sr. João Dib: V. Ex.a permite um aparte? (Assentimento do orador.) Em matéria de creches, a Administração da Prefeitura faz, com muita proficiência, convênios com creches particulares. Evidentemente, deve ter algum interesse, não sei qual. Agora, a Lei Orgânica, art. 47, diz que todos os servidores municipais têm direito a creche para os seus filhos de zero a seis anos de idade e a Prefeitura tem uma única creche, feita na minha Administração. Os servidores não são atendidos pela Lei Orgânica.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Isso V. Ex.a externa algumas vezes, quando vem a esta tribuna, e é preocupante, porque o servidor municipal enfrenta vários problemas.

Sobre o assunto da Creche Anjinho da Guarda, achamos estranho por que a SMED não faz um convênio. A FESC tem convênio, mas a SMED nunca deu essa possibilidade. Há todos os laudos, tudo o que é necessário para que ela seja declarada de utilidade pública. Mas a SMED deve ter a sua disponibilidade política para atender as creches e é evidente que essa creche não será contemplada nunca. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para discutir.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, aparentemente a Pauta de hoje não teria por que ocupar muito a nossa atenção porque são dois projetos formais de declaração de utilidade pública de duas entidades.

O Ver. Gilberto Batista e o Ver. João Dib levantaram bem as questões: são dois projetos que estão envolvidos com a área de assistência social e, muito especialmente, com a área de educação infantil. Daí por que, num determinado momento, eles passam a ter, sim, importância para esta Casa e devem ser registrados.

A questão da creche da Associação de Pais e Mães da Vila Nova Brasília tem uma resposta muito simples: em primeiro lugar, certamente o Presidente da Associação não está vinculado ao PT; em segundo lugar, a Associação não se curvou a determinadas exigências extrapedagógicas que a SMED faz para liberar verbas, verbas que são, na maioria dos casos, ridículas e que colocam os presidentes dessas associações ou dessas creches em situação de humilhação.

Tenho visitado várias dessas creches e verifiquei que o valor repassado pela SMED não cobre quinze dias de funcionamento de uma creche; nos outros quinze dias, os diretores das creches têm de se virar, tirando, muitas vezes, do seu bolso o que não têm, ou tirando da sua própria família o que também não têm, para poderem cumprir a sua obrigação em relação às creches.

O registro do Ver. João Dib sobre o descumprimento da nossa Lei Orgânica estaria a merecer, sim, por parte da Comissão de Educação desta Casa, uma atenção maior não apenas na questão da creche municipal, o descumprimento desse item, mas quanto à questão, muito específica, dos termos em que são feitos os convênios com as creches do Município de Porto Alegre por parte da SMED. E aí entra essa curiosidade, Ver. Gilberto Batista: por que a SMED tem um determinado critério e por que a FESC tem outro? Por que não unificar isso em um único critério, já que é uma única Prefeitura?

De toda maneira, a utilidade pública é um momento importante para essas entidades porque possibilita que elas peçam auxílio, quer ao próprio Município, quer façam o encaminhamento, depois, também, da utilidade pública estadual. Portanto, é positiva a iniciativa do Governo Municipal.

Quero aproveitar aqui e pedir a atenção do Ver. Paulo Brum, que está na Presidência dos trabalhos. É que, de uma certa maneira, fazendo parte da nossa Pauta de hoje, constam dois ofícios: o Ofício nº 156/2000, do Superintendente de Negócios da Caixa Econômica Federal, que comunica a liberação de recursos financeiros do programa Habitar-Brasil 97 para o Município de Porto Alegre, e o Ofício 510/99, do Diretor do Departamento de Gestão do Fundo Nacional de Assistência Social do Ministério da Previdência, que comunica liberação de recursos financeiros a Porto Alegra para o Programa Brasil Criança Cidadã, que está, justamente, vinculado, Ver. Gilberto Batista, à questão de creches.

Em primeiro lugar, quero fazer o registro de que, mais uma vez, o Governo Federal libera recursos ao Município, o que não faz como favor, vamos deixar isso claro, bem gizado, mas que nem sempre o Município retribui com a mesma seriedade e com a mesma ética. Ou seja: Porto Alegre e a sua Administração fazem uma grande propaganda do que fazem - nem tão grande assim -, só escondem, boa parte das vezes, que o fazem com uma boa parte do dinheiro vindo do Governo Federal.

Ver. Paulo Brum, quero solicitar cópias desses dois ofícios para nossa Liderança do PSDB e quero deixar registrado que vou encaminhar na reunião das Lideranças, na próxima quarta-feira, a proposta de que, quando se fizer o expediente, se inclua na menção ao ofício os valores repassados e que, imediatamente, se tirem cópias desses ofícios, ao menos às Lideranças dos diferentes partidos. Nós estamos em um ano eleitoral e ninguém tem o direito de ser ingênuo de não acompanhar de perto a liberação desses recursos para que depois isso não vire munição eleitoral para partido de situação às custas do Governo Federal.

Lembraria, além do mais, que a legislação federal é muito clara. Há uma lei federal que determina que o prefeito municipal deve comunicar à câmara, aos sindicatos e a todas as entidades sociais do município os recursos recebidos. Como a Prefeitura de Porto Alegre ignora, solenemente, a legislação federal, vamos tentar nós, Ver. João Dib, fazer o cumprimento desta lei, primeiro, aqui na Casa, ao divulgar entre os vereadores, entre os Líderes de Bancadas e, a partir daí, divulgar junto à opinião pública. Talvez se mude um pouco essa opinião sempre negativa e sempre discursiva de modelo neoliberal para se mostrar que efetivamente há uma série de projetos que estão sendo desenvolvidos, que, ao contrário de outros governos, o Governo Fernando Henrique faz a redistribuição pelos governos de Estado, pelos governos municipais, sem levar em conta a vinculação partidária. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Antonio Hohlfeldt, quanto ao seu Requerimento, a nossa Diretoria Legislativa já está providenciando.

O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, embora sejam dois processos bastante simples, inicialmente é interessante colocar para as pessoas que, quando uma associação recebe a declaração de utilidade pública, ela passa a ter algumas vantagens financeiras, tributárias, como, por exemplo, a questão da tarifa de água com o DMAE. É um aspecto que ajuda muito a entidade em seu trabalho. Normalmente, essas entidades que prestam serviços públicos sem fins lucrativos trabalham com dificuldades. Portanto, essa iniciativa do Executivo Municipal é importante porque vai facilitar o trabalho dessas entidades.

Como o tema terminou transbordando para um outro aspecto, quero também comentar. Inicialmente, há três ou quatro anos, a Prefeitura de Porto alegre decidiu fazer convênios com quarenta creches em nossa Cidade, repassando dinheiro público para essas creches comunitárias e dando uma assessoria sobre os aspectos sanitário e educacional, porque nós sabemos que, como a creche atende a crianças até seis anos, ela deve ter um trabalho de iniciar as crianças nas letras, no alfabeto, nos primeiros números, dando orientação pedagógica nesse sentido. A SMED também acompanha e treina as “tias” que atendem às crianças nessas creches comunitárias. Portanto, é um trabalho muito sério e técnico, além de acompanhar a aplicação do próprio recurso que é repassado. Eu não sei agora o valor do repasse, mas, há alguns meses, era de 2 mil e 300 reais mensais, um valor nada desprezível, Ver. João Dib, tanto assim que a disputa para fazer esse convênio com a Prefeitura é grande. Então, inicialmente, fizemos um convênio com quarenta creches e, no ano seguinte, passamos para setenta, depois passamos para cem e agora estamos com cento e vinte creches conveniadas, havendo a perspectiva de aumentar mais um pouco esse número no ano 2000.

A seleção dessas creches é feita junto com o Conselho Tutelar da Região, com o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, que, ao conhecer as entidades, faz a indicação. A creche não pode ter uma cobrança alta de mensalidade, porque não justificaria repassar dinheiro público para essas entidades. Se a entidade sobrevive com o pagamento de mensalidade, não há motivos para receber recursos municipais. Às vezes, admite-se uma cobrança de mensalidade muito baixinha, que é quase uma taxa de manutenção. Há um acompanhamento semanal das condições sanitárias da creche, o acompanhamento semanal da questão pedagógica, para que as creches não se transformem apenas num depósito de crianças, como se tem afirmado várias vezes.

Então, quero afirmar isso alto e em bom som para dizer que esses convênios são de alta qualidade, acompanhados permanentemente por duas secretarias, acompanhados também pelos Conselheiros Tutelares e pelo Conselho Municipal da Criança e do Adolescente.

 

O Sr. Gilberto Batista: V. Ex.a permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Guilherme Barbosa, V. Ex.a tem razão: a Prefeitura faz um trabalho com várias creches. Eu só queria referir-me no tocante às parcelas cobradas por muitas creches conveniadas com a SMED que hoje cobram em torno de 30 reais, 40 reais mensais por criança. Eu gostaria que a SMED pudesse fazer uma avaliação mais profunda, que as creches não cobrassem tanto, uma vez que recebem os créditos da SMED e assim mesmo cobram. Eu posso lhe dar o nome de várias creches que hoje estão cobrando em torno de 30 reais por uma criança e 60 reais por duas. Eu gostaria, e até posso lhe repassar essas informações, que a SMED pudesse tomar uma providência com relação àquelas que não têm convênio, como a Creche Anjinho da Guarda, que aguarda há muitos anos o credenciamento na SMED. Muito obrigado, Vereador.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Encerro, Sr. Presidente, dizendo que não sei o valor máximo admitido de cobrança por criança. Se for de 30 reais a cobrança por criança, eu acho muito para uma creche comunitária. Podemos ver, então, essa questão. Mas há critérios estabelecidos pela Prefeitura, junto com o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente e com os Conselhos Tutelares. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Motta): O Ver. José Valdir está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em 1993, quando eu assumi a FESC, houve um movimento das creches comunitárias, numa atitude de desespero, solicitando apoio do Município, porque o CEAC, do Dr. Proença, distribuiu dinheiro para construir prédios que depois não tinham condições de serem sustentados pela população. O Dr. Collares também fez as famosas Casas da Criança, o que até motivou uma CPI aqui. Nós, da FESC, por conhecer a Constituição, sabemos que o atendimento de zero a seis anos não é mais atribuição da Assistência e nem da Saúde, mas, sim, da Educação. Fizemos um projeto de convênio na FESC, na época, e o propusemos à SMED, com algumas transformações, e é o que está hoje vigendo no Município.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: V. Ex.a permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero acrescentar ao que V. Ex.a está dizendo o seguinte: depois, o Fernando Collor acabou com a LBA e não colocou nada no seu lugar. E é oportuno dizer que esses dois senhores que são deputados federais hoje foram dois dos mais gazeteiros na convocação extraordinária da Câmara Federal, segundo o Jornal do Brasil. Muito obrigado.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Por isso eu não vou ser polido como foi o meu colega Ver. Guilherme Barbosa. Os Srs. Vereadores deveriam conhecer melhor o assunto sobre o qual falam, porque vieram, nesta tribuna, e misturaram dois convênios completamente diferentes. Um é o convênio das creches comunitárias com a SMED, que é da área educacional, para atendimento indiscriminado de todas as crianças de zero a seis anos; o outro diz respeito aos convênios extraclasse da FESC, que é feito para atender às crianças de famílias em situação de risco. Por isso é que um está na área da assistência social e o outro na área da educação. Esse é o primeiro equívoco dos vereadores que vêm à tribuna, achando que sabem tudo e falam sobre coisas que não conhecem.

O segundo equívoco é vir aqui acusar o PT! Se o Governo do Fernando Henrique escolhe, o problema é do Fernando Henrique. Não é a Administração que escolhe as creches, e os Srs. Vereadores deveriam saber disso. Quem fixa os critérios e quem escolhe é o Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente, o CMDCA. Não é o Governo. Os convênios, nesta Cidade, nunca foram fiscalizados por uma entidade da sociedade civil. A sociedade civil é que fixa os critérios e escolhe as entidades. O que faz a SMED? Repassa o dinheiro, fiscaliza e dá apoio pedagógico. Quando os Srs. Vereadores vêm falar nesta tribuna deveriam, em primeiro lugar, se informar sobre o assunto sob pena de dizerem asneiras. A esta hora centenas de pessoas que conhecem o assunto e os Conselheiros Tutelares devem estar dando risadas das barbaridades que alguns vereadores disseram aqui. Os vereadores têm o dever de conhecer como funcionam essas regras no Município ou então devem se calar, porque poderão dizer uma porção de asneiras, se não conhecem assunto. Não se informam e acham que sabem tudo.

 

O Sr. João Dib: V. Ex.a permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. José Valdir, estava inscrito em Pauta, mas depois analisei que só havia dois processos que tratam da declaração de utilidade pública de duas associações e sobre utilidade pública de duas associações não há o que discutir: temos apenas que dizer “sim”. Mas estamos saindo do processo e não sei, realmente, a quem está sendo dirigida a palavra “asneira”. Não falei porque não havia o que falar sobre o assunto.

O SR. JOSÉ VALDIR: Isso é grave, Vereador: o senhor, como vereador experiente, dizer que não conhece as leis de um convênio que já está funcionando há dez anos. Então, está mais do que na hora de conhecê-las.

 

O Sr. Gilberto Batista: V. Ex.a permite um aparte? (Assentimento do orador.) Também não entendo a quem o senhor referiu a palavra “asneira”. Utilizei-me da tribuna apenas para fazer um relato sobre a Creche Anjinho da Guarda, mas, quanto às outras considerações que V. Ex.a  referiu, com certeza não se referem a este Vereador. Manifestei-me favorável aos projetos de utilidade pública apenas comentando que havia algumas das creches que passaram pela SMED que não receberam o convênio.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: V. Ex.a sabe que, antes mesmo de o companheiro Tarso assumir, as creches comunitárias, tanto do Collares quanto do Governo Federal, estavam abandonadas. Esse convênio que foi proposto entre a FESC e a SMED salvou as creches comunitárias. Então, quando V. Ex.a faz críticas aqui, tem que recuperar a história e se informar melhor. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.a  Maristela Maffei está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o assunto em Pauta é de suma importância, principalmente quando temos dois processos do Executivo que dizem respeito à declaração de utilidade pública. Sabemos que, cada vez mais, devemos exercitar e fazer com que as associações possam, no seu espaço, junto com o Executivo, mas principalmente com a autonomia da sociedade, dirigir a vida da sua comunidade.

Os convênios que aqui foram referidos, além de serem decididos pelo Conselho Municipal, têm um valor fundamental, porque esses critérios são discutidos, somados e aprovados pela comunidade. O fato de passar a responsabilidade às creches, como gerir verbas que o Município investe nessas instituições, significa que temos que fazer uma discussão profunda e determinarmos com muita seriedade os critérios elaborados, discutidos e aprovados para que seja, então, estabelecido o funcionamento e o investimento do dinheiro nas associações. Não se trata apenas de passar as responsabilidades, porque uma creche não é um depósito de crianças.

Aliás, a respeito deste exemplo de depósito, de tratar as pessoas como mercadoria, nós já temos uma orientação em nível internacional. A globalização da economia, que passa a ser um fator político, tem tratado as pessoas como mercadorias. As pessoas não têm o valor que deveriam ter, não existe esse investimento. Existe o centralismo econômico e uma desestruturação da sociedade. Portanto, em Porto Alegre, temos a responsabilidade no Município de, cada vez mais, acompanharmos os trabalhos das creches, não porque recebem o dinheiro, mas porque estamos tratando da vida das pessoas. E quando falamos em vida, em crianças, a questão é muito mais séria e os critérios têm que ser estabelecidos de uma forma em que as creches comunitárias tenham o mesmo investimento pedagógico, o mesmo investimento econômico das nossas escolas infantis no Município. Com certeza, comparando as creches infantis municipais que conheço em Porto Alegre com as melhores da rede particular, as primeiras não deixam nada a desejar.

Portanto, é responsabilidade do Município acompanhar com seriedade esse trabalho para que nossos filhos, principalmente os de menor poder aquisitivo, tenham um atendimento saudável, qualificado, para que possam ter a oportunidade de um espaço que traga dignidade às suas vidas, na plenitude.

 

O Sr. Antônio Losada: V. Ex.a permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Ver.a Maristela Maffei, queremos aproveitar o pronunciamento de V. Ex.a para lembrar o projeto CAIC, do Governo Federal e do Governo Estadual, que construiu no País em torno de cento e cinqüenta creches, mas só os prédios, o aspecto físico; não fizeram o mínimo planejamento para o funcionamento dessas creches. São creches de Primeiro Mundo. A construção dessas creches tinha por objetivo somente atender às necessidades, às demandas das construtoras, das empreiteiras, já que não estavam previstos equipamentos, móveis para o funcionamento. Um verdadeiro desperdício. Há creches paralisadas há três anos, sem possibilidade de funcionamento. Muito obrigado, Vereadora.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Para encerrar, gostaria de deixar registrado que cada vez mais se repassam as responsabilidades aos municípios, e nem mesmo naquilo que seria obrigação do Governo Federal nós temos, de fato, o investimento necessário. Não venham, então, aqui, com falácias e dizer que é grande coisa o que o Governo Federal faz. Além da questão da obrigação, não repassa as verbas necessárias aos municípios, não apenas para Porto Alegre, mas para todos os municípios do País. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrado o período de Pauta. O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Líder, por cinco minutos, pelo PSDB.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esses debates na Casa são importantes para esclarecer os vereadores e, sobretudo, a opinião pública. Já que o Ver. José Valdir disse que somos desinformados, quero desafiar S. Ex.a  a trazer a esta Casa os valores pagos às creches. É bem simples. Agora, Vereador, não são mil e poucos reais ou dois mil reais, de maneira nenhuma. Gostaria, portanto, que V. Ex.a trouxesse os valores dos repasses, documento oficial da Prefeitura, para fazermos essa discussão, que acho que é muito boa.

S. Ex.a disse que nós não estávamos informados, mas a informação que tenho é de que não é esse valor, com toda a certeza: é um valor bem menor do que isso. Agora, acho que o bate-boca aqui não adianta nada. Então, como V. Ex.as são os vereadores da situação, é muito simples. Tragam o documento com os valores repassados às creches. Aí não ficamos com falácias, como quer a Ver.a Maristela Maffei, mas ficamos com dados concretos para a discussão.

Vereador, na sessão de quarta-feira, toquei em algumas questões que mostram essa espécie de tratoramento, de violência institucionalizada, mas disfarçada, que o Partido dos Trabalhadores na Administração Pública realiza, encobrindo situações com discursos.

A Vereadora-Líder do PT tentou responder a situação que levantei em relação ao carnaval. Quero deixar bem claro que não estou contestando a posição da Vereadora, que repassou uma informação recebida, mas estou, sim, contestando a informação que lhe foi passada pela Secretaria de Cultura, segundo a qual o Sindicato dos Jornalistas teria participado dessa decisão. Quero dizer que conversei com o Presidente do Sindicato dos Jornalistas - repito, também filiado ao PT - e que ele me comunicou que estava, inclusive, oficiando em protesto à Secretária da Cultura. Mais do que isso: conversei com alguns jornalistas que foram no seminário desta semana e que se sentiram absolutamente ridicularizados porque tiveram que ouvir uma palestra de tarde inteira sobre regulamento de carnaval de Porto Alegre, como se eles não conhecessem o regulamento de Porto Alegre. Eles se sentiram, na verdade, perdendo tempo, Ver. Pedro Américo Leal, porque não valeu para nada o encontro desta segunda-feira. Então, mantenho a minha crítica com essa sutileza: acho que um seminário sobre carnaval junto aos jornalistas pode ser um bom negócio para os dois lados. Acho que a obrigatoriedade do seminário para dar credencial para jornalista é um bocado diferente e só tem um nome: é censura.

Agora, censura fez a Administração Popular, Ver. João Dib, descaradamente, nesta semana. O Jornal do Comércio de ontem publica uma notinha na página três com o seguinte comunicado: “O comunicador Gilberto Simões Pires deixa de apresentar o seu Primeiro Plano, programa da Band. Está pesaroso com os motivos da sua saída do ar.” Curiosamente, não saíram os motivos, Ver. João Bosco Vaz. Então vamos explicitá-los.

A Administração Popular condicionou a manutenção das verbas de publicidade na Band à saída do Sr. Gilberto Simões Pires. Esse é o motivo, porque Gilberto faz críticas pesadas à Administração, embora sempre tenha levado vereadores, deputados e membros da Administração Pública municipal e estadual ao seu programa. Mas critica. Tem uma posição claramente contrária ao PT. Pois se pediu a cabeça do Sr. Gilberto Simões Pires. Embora ele alugasse o seu espaço, trouxesse os seus próprios patrocinadores, Ver. Lauro Hagemann, o PT não quis saber disso: o PT exigiu a saída do Sr. Gilberto da Band. E a Band atendeu. Nada mais do que isso. Lamentável, profundamente lamentável! Com a Gazeta Mercantil já tentaram fazer isso, Ver. João Dib. A Gazeta teve a espinha um pouco mais reta e conseguiu segurar os seus jornalistas.

A outra situação é esta que os jornais vêm abordando, da apropriação indébita de dinheiro das contas dos depositantes do BANRISUL. O BANRISUL, repentinamente, resolveu transformar todas as contas de seus depositantes, inclusive de nós, Vereadores, num ato de benevolência extrema, surpreendente nos tempos que correm, em contas-poupança. A nossa simpática gerente, quando indagada por mim nesta semana - voltei de viagem e fiquei surpreso com uma tal de poupança que me apareceu -, tentou me mostrar as vantagens da poupança. Na verdade, o que moveu o BANRISUL a fazer isso está hoje num documento que o Banco Central está distribuindo. O BANRISUL não quer depositar a cota obrigatória, o valor compulsório correspondente a depósitos populares na conta do Banco Central. Velhas brigas entre o PT e o Governo Central. Então, para não depositar o dinheiro devido por lei, compulsório, dos depósitos cotidianos, no Banco Central, encontrou essa tramóia. Transformou tudo em poupança, uma poupança que, na verdade, vai render para o banco e não vai render praticamente nada para nós, porque vai ser calculada sobre a média ponderada do depósito permanente em valor ao longo dos trinta dias. Leia-se “nada”. O banco lucra, nós nada! Acho que a gente deve procurar retornar à conta antiga. Nada mais do que isso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é de domínio público o movimento político interno que vive o meu partido, o PDT, visando às eleições municipais de outubro. Estamos mobilizados, tentando não só fortalecer o programa do nosso partido, mas, também, tentando fortalecer essa luta democrática interna que pretendemos viver. Não poderia este Vereador deixar de usar esta tribuna para dizer, em alto e bom som, que vai trabalhar, e muito, para que o Dep. Vieira da Cunha seja o vencedor dessa prévia e seja o representante do PDT nas eleições municipais.

Temos três candidatos: o Dep. Collares, o Secretário Pedro Ruas e o Dep. Vieira da Cunha. Por que a escolha deste Vereador pelo Dep. Vieira da Cunha? Porque entendo ser o nosso Vieirinha a nova e verdadeira liderança do PDT em Porto Alegre.

Eu não gosto muito de discutir esquerda e direita, direita e esquerda. Ninguém sabe o que é direita e o que é esquerda, mas são do meu agrado as posições político-partidárias que o Dep. Vieira da Cunha tem sustentado ao longo da sua vida pública, desde que iniciou como suplente de vereador nesta Casa, depois como vereador titular, deputado pela primeira vez, deputado em segundo mandato, presidente do Metropolitano pela segunda vez. Agora, é inadmissível que, quando o Partido tenta se fortalecer, quando o Partido tenta buscar alternativas e saídas, o grupo liderado pelo Dep. Alceu Collares se ausenta de todo esse debate. Não quer discutir, não quer debater, não quer analisar. E surpreende a quem pertence ao Partido que o Deputado Alceu Collares declare hoje que o PDT tem duas sublegendas do PT para concorrer às prévias. Isso é um desespero de alguém que é respeitado como político, que tem um passado político e que deve ser respeitado, mas que está colocando em jogo, no presente, esse passado com essas atitudes e declarações. Entendo que a democracia deve ser exercida em todos os níveis. Está aqui o meu Líder, meu amigo Ver. Nereu D’Avila, que apóia o Dep. Alceu Collares, como o Ver. Isaac Ainhorn também, e eles são testemunhas de que nós nunca discutimos pessoalmente essa situação. Quer dizer: eu aceito a posição política dos meus companheiros de partido, meus companheiros aceitam a minha alternativa de apoio. Agora, é uma falta de respeito do Dep. Alceu Collares, é uma falta de argumento do Dep. Alceu Collares, é uma falta de postura do Dep. Alceu Collares declarar o que declarou hoje.

Com certeza, nem precisava este Vereador vir à tribuna hoje. Ele terá a resposta do Secretário Pedro Ruas, do Dep. Vieira da Cunha e, nas urnas, dos militantes do PDT nessa prévia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Ver.a Helena Bonumá está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, é importante que se recuperem, aqui, as questões debatidas nesta tribuna com relação à exigência que a SMC estaria fazendo de que os jornalistas fizessem um curso para que pudessem fazer a cobertura do carnaval. Na realidade, não se trata dos profissionais, mas das empresas que estão sendo, sim, convidadas para um seminário. Essa iniciativa é oriunda de uma ação conjunta da Associação dos Fotógrafos, Sindicato dos Jornalistas, da Secretaria e da Associação dos Carnavalescos e ela vem com o intuito de qualificar mais a cobertura do carnaval e de fazer um trabalho articulado, conjunto, em cima de alguns critérios elaborados conjuntamente por essas instituições. Então, não se trata de que o profissional seja obrigado a cursar. Trata-se de as empresas que estão se credenciando à cobertura do carnaval terem, sim, de mandar um representante a esse seminário. Com certeza, pode - para alguns que têm um conhecimento desses critérios, conhecimento dessa estrutura do carnaval de Porto Alegre - parecer repetitivo, mas, com certeza, para outros não o é. O objetivo é de que haja um entrosamento com os profissionais dessa área da comunicação para que se possa aperfeiçoar o trabalho coletivamente durante o processo do carnaval.

O Ver. Antonio Hohlfeldt levantou já esta questão aqui, na tribuna, mas para nós é importante resgatar o caráter dessa iniciativa, que vem no sentido de uma construção coletiva de uma intervenção nas atividades do carnaval e pela importância, inclusive, da cobertura que os meios de comunicação têm nessa atividade.

Quero colocar, em relação a essa questão do debate das creches comunitárias, que é muito importante para nós essa atividade em relação às creches comunitárias aqui, em Porto Alegre, primeiro porque é uma ação de destaque do nosso Governo. Temos um trabalho articulado com as associações comunitárias, com o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, que é quem fixa esse critério a partir de um processo de discussão com o Orçamento Participativo, um processo extremamente rico em que são debatidos os critérios elaborados conjuntamente a partir da intervenção das associações. Então, não é o Governo Municipal que fixa esse critério, assim como não é o Governo Municipal que fixa o percentual que é repassado a essas entidades. E o percentual não é sempre o mesmo; ele varia de acordo com a realidade de cada estabelecimento desses. Essa é, então, uma política elaborada com a comunidade, com o Orçamento Participativo, com o Conselho da Criança e do Adolescente, todos articulados, que já tem um acúmulo e que está sendo aprovada pelas comunidades que praticam a parceria com o Governo Municipal.

Nós vivemos num contexto de abandono da infância, de falta de recursos, porque, mais do que os recursos que são repassados pelo Governo Federal para Porto Alegre, são tirados daqui, e não retornam. Nós temos visto prefeitos, não só o de Porto Alegre, mas há o Fórum Nacional de Prefeitos, que congrega as maiores regiões metropolitanas, colocando sempre a necessidade de recursos para aplicação nas políticas sociais. E nós sabemos que as políticas de atendimento à criança e ao adolescente são fundamentais para nós. Então, essa parceria com a comunidade tem sido saudada, tem sido sistematicamente avaliada, e os critérios são elaborados de acordo com a realidade de cada região contemplada.

Por último, eu queria fazer uma manifestação em relação ao Movimento em Defesa do Brasil, da Democracia e do Trabalho, que foi lançado aqui, hoje, e que nós pensamos ser de extrema importância. É importante que a Câmara Municipal de Porto Alegre dê a sua participação, se integre. Nós tivemos hoje, aqui, a manifestação do Comitê. É um movimento nacional que teve seu lançamento nacional no ano passado e que agora está sendo lançado aqui em Porto Alegre, com toda uma agenda, iniciando agora, no dia 15 de março, com uma reunião aberta aos cidadãos, às cidadãs, às instituições, às entidades, o que nós consideramos fundamental, porque nós não podemos permitir que continue a situação que o nosso País vive, que se tem agravado, como foi dito pelo representante do Comitê: a recessão, o desemprego, o agravamento das questões sociais. Nós não vemos, com as políticas aplicadas pelo Governo Federal, perspectivas de superação desses problemas.

Portanto, é necessário que a cidadania brasileira se integre num movimento amplo para mudar essa situação, construindo, conjuntamente, uma grande frente nacional a partir dessa experiência de mobilização conjunta, que traga ao País um programa alternativo que tire o Brasil da miséria e que resgate a soberania do País e do povo. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gilberto Batista está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, teríamos vários assuntos para abordar. Um seria a respeito do PSDB, do Ver. Antonio Hohlfeldt, sobre a decisão da Bancada do PTB de formar um bloco com o PSDB. Hoje os jornais trazem o Presidente Regional do PTB, Dep. Sérgio Zambiasi, contrário a isso, como acredito ser a opinião de toda a nossa bancada.

Um jornal de Porto Alegre estampa, novamente, o problema da saúde pública no nosso Estado e, conseqüentemente, na Cidade de Porto Alegre. A notícia diz: “Alvorada protesta por corte do SUS. Moradores vão ao Palácio Piratini contra a redução de sete mil e quinhentos para três mil e quinhentos atendimentos mensais em Alvorada.”

Nós não conseguimos entender a política de saúde que o Governo do Estado desenvolve. Ele diminui quatro mil consultas na Cidade de Alvorada, cuja Prefeitura é administrada pelo Partido dos Trabalhadores. A população de Alvorada, como a de Porto Alegre, sente-se ameaçada, como há muito tempo vem sendo ameaçada por governos anteriores. Não posso aqui dizer que nos governos anteriores o sistema de saúde era satisfatório, porém tende, como a segurança pública, a tornar-se um caos irreversível, e digo isso porque penso que nada mais adianta nesses dois itens: saúde e segurança pública.

Vamos fazer um levantamento rápido dos postos de saúde da Cidade de Porto Alegre: um posto por que venho brigando e lutando junto com o Sr. Secretário e junto com a chefia que trata desse assunto é o Posto da Vila Nazaré, Ver.a Saraí Soares - que integra a Comissão de Saúde, a qual também integro este ano -, que há um ano está com um médico para atender a seis mil famílias. É inadmissível que o Secretário Lúcio Barcelos continue com este jogo de dizer que depende de contrato para escolher a pessoa certa para encaminhar a essa comunidade. A comunidade precisa de médico para atender as famílias, que já passam por situações muito delicadas, Vereadora, como o saneamento básico também, pois este Vereador fez várias visitas àquela comunidade, e o esgoto corre a céu aberto lá na Vila. E o DEP vem sempre “empurrando com a barriga” as questões da Vila Nazaré. Arruma hoje, chove amanhã, arruma de novo. Agora, mesmo com sol, acontecem alagamentos quando estoura algum cano lá. Mas o Diretor do DEP, numa audiência com os moradores da Vila Nazaré, prometeu que iria solucionar o problema colocando canos de maior espessura, o que até agora não foi feito; deverá fazer lá por julho ou agosto, que é uma época eleitoral. E aqueles pobres coitados vão cair naquela magia que é feita pela Administração Popular, que alguns meses antes da campanha começam a fazer obras que há muito tempo estão para serem feitas nesta Cidade. Mas, como é um ano eleitoral, Ver. Paulo Brum, sabemos que vamos encontrar essas dificuldades, e aquele povo, como precisa das obras, vai torcer pelas obras e vai votar e dar uma linha de crédito para a Administração Popular. Isso é desastroso, Ver. Antonio Hohlfeldt! É a campanha que vai começar.

Outra informação que tenho é que no Posto da Vila Ipiranga, Ver.a Saraí Soares, existe apenas um médico. Dois estão de férias, dois estão em licença-prêmio, e a comunidade já está há cinco ou seis meses solicitando ao Secretário Lúcio Barcelos que sejam substituídos os médicos, e não contratados. Pergunto ao Ver. João Dib: onde estão os contratos emergenciais? Como vamos fazer? Nós, a toda hora, estamos relatando as dificuldades.

Lembro que o Ver. Renato Guimarães disse que gosto de trazer um postinho de cada vez, e isto vou continuar fazendo: trazendo um postinho de cada vez para alertar as autoridades municipais que a nossa saúde será irreversível. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra para fazer uma Comunicação de Líder.

 

 O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, venho à tribuna para me referir a um assunto que já havia levantado aqui, na quarta-feira, referentemente ao problema dos ônibus da Zona Norte. Ontem, a CUTHAB recebeu a visita de um técnico da SMT, o Sr. Alexandre Goulart, que explicou brevemente o que estava acontecendo. E a minha presença na tribuna é para tranqüilizar, em parte, a população da Zona Norte com referência ao que está acontecendo naquela região da Cidade.

A SMT já autorizou um aumento do número de lugares reservados aos idosos. Eram sete lugares, passou para onze. Isso quer dizer que a catraca foi removida mais para o centro do ônibus, mas não é o suficiente. Ainda há e ainda persistem problemas de acomodações, principalmente dos idosos, que têm direito à passagem gratuita. Mas estamos gestionando a promessa da SMT de ficar permanentemente atenta e o nosso compromisso de cobrarmos isso, insistentemente, da SMT, porque é justamente naquela parte da Cidade que se concentra o número maior de idosos, de operários, que é a Zona Norte da Cidade. Algumas linhas já foram modificadas, mas é preciso que essa medida se estenda a todo o sistema de transporte da Zona Norte.

Era essa notícia que eu queria dar aos munícipes através desta Comunicação de Líder, que infelizmente não permite aparte, mas é um assunto que está na Ordem do Dia e que nós, vereadores desta Cidade, temos a responsabilidade de estarmos permanentemente atentos e pressionando a SMT para que ela defina, convenientemente, para todos esse processo.

Quanto à propalada extinção da função de cobrador, há alternativas que precisam ser estudadas, e isso faz parte de uma reformulação total do sistema de produção. Esse é um assunto mais complicado. Mas hoje, para a população da Zona Norte da Cidade, esta notícia: de que estamos atentos e que a SMT está prometendo resolver o problema. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, manifestei-me desta tribuna, há uns três meses, quanto à retirada da cobertura dos corredores de ônibus.

As coberturas, ao longo da Av. Farrapos, por um desgaste natural, estavam sendo trocadas, o que era bom para a Cidade. Aquelas coberturas tinham sido retiradas no final do mês de julho e não foram recolocadas até hoje na Av. Farrapos. Então, os que se utilizam do transporte coletivo, obrigatoriamente, têm que ficar no corredor de ônibus sujeitos ao mau tempo. Claro que entendemos necessária essa obra. Só não conseguimos entender essa demora na sua recolocação - aliás, procedimento que temos observado em outros corredores de ônibus. São ações importantes para o dia-a-dia da nossa Cidade, mas que são injustas com a nossa população que se utiliza do transporte coletivo. E se houvesse a troca ou a conservação ou a manutenção constante, ou a rapidez, a agilidade necessária para que essa melhoria fosse encaminhada para a população de Porto Alegre, até haveria, por parte dessa população, a compreensão, o entendimento de que aquilo deveria passar por um período curto, porque teria o benefício próprio.

Digo isso para mostrar aos Srs. Vereadores a diferença de procedimento. Há uns dez, quinze dias atrás, fomos procurados pela comunidade da Av. São Pedro, Rua Voluntários da Pátria, que utiliza a Estação São Pedro. Ao sair do TRENSURB há uma parada, com uma distância mais ou menos de 15m. Eles solicitaram a construção de uma cobertura da parada do ônibus até a Estação São Pedro. Encaminhamos um abaixo-assinado ao Presidente do TRENSURB, Arquiteto Pedro Bich. Para surpresa nossa, uma semana depois, recebemos uma correspondência dizendo que já está encaminhada a licitação e essa obra estará pronta até o final de abril. Vejam a agilidade e o interesse. Na correspondência, o Presidente dizia que a obra vai ser relativamente barata, que orça em torno de 50 mil reais. Não é tão barata assim. Quero ressaltar a visão, a agilidade administrativa, a vontade de resolver as coisas, diferentemente da Administração Municipal. Ali, no entendimento do TRENSURB, o cidadão sofre por estar sujeito a ficar na parada de ônibus pegando chuva, e não é de responsabilidade do TRENSURB.

Ora, meus amigos, o Governo Municipal tem um orçamento, tem a previsão dos gastos. Obrigatoriamente ele tem que ter a consciência da necessidade do serviço, tem que ter, principalmente, a consciência da necessidade da operação do serviço, da agilidade administrativa. Isso tem faltado. Nós, que andamos todos os dias na Cidade de Porto Alegre, podemos constatar que em todos os corredores não há paradas de ônibus e os usuários ficam sujeitos a chuvas e intempéries. Nós estamos com dificuldades para resolver esse problema, e o Governo Federal, do TRENSURB, em dez dias apresenta para a população de Porto Alegre, que utiliza aquele serviço, uma resposta e uma solução para esse problema. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Motta): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

Recebemos neste Plenário requerimentos e encaminhamentos dados pela Mesa. Em primeiro lugar, temos o do Ver. João Dib, distribuído hoje pela primeira vez. Baseando-se em sua solicitação, por requerimento, de uma sinopse dos requerimentos feitos durante as sessões, temos uma observação com relação a esse fato: muitas vezes, V. Ex.a sabe que vários requerimentos ou alguns requerimentos são encaminhados durante a sessão. Portanto, vai ser difícil que esta Mesa e a Diretoria Legislativa garantam que nessa sinopse dos requerimentos saiam aqueles que foram encaminhados durante a sessão, mas, na próxima sessão, posterior ao requerimento solicitado, a Diretoria e a Mesa garantem a sua divulgação. Então, estamos distribuindo hoje essa síntese para os Srs. Vereadores.

O segundo retorno ao Plenário é com relação ao sistema de painel eletrônico. Nós tivemos, no mês de janeiro, uma reunião com a empresa responsável pelo sistema e estamos também distribuindo aos Srs. Vereadores, por escrito, um breve relatório sobre o que resultou dessa vinda e o diagnóstico do sistema eletrônico. Está aprazado com a empresa, para o mês de março, uma modificação no sistema de funcionamento de nosso painel eletrônico e, pelo relato inicial da Diretoria Legislativa e de nossos assessores, nós podemos afirmar que, pela primeira vez, Ver. Paulo Brum, estamos otimistas com relação ao funcionamento do painel eletrônico. Com o relato, os Srs. Vereadores já poderão observar o que ficou acertado inicialmente.

Por fim, o terceiro retorno, já assumido na sessão de quarta-feira diante de um fato relatado pelo Ver. Fernando Záchia. Estamos, Ver. Fernando Záchia, entregando neste momento, por escrito, um retorno desta Presidência e da Mesa Diretora, adiantando o que nós conseguimos avaliar como fato ou circunstância que acabou no indesejável requerimento de V. Ex.a e anunciando uma medida administrativa que já estava, pelas reuniões que fizemos com o Setor de Revisão e Composição de Proposições, com a Diretoria Administrativa e com a Diretoria Legislativa, já há algum tempo, maturada pela Casa. Apenas não havia sido feita a transferência daquele Setor, que acabou sendo em parte responsável pelo atraso, não pela responsabilidade direta dos servidores, passando aquele Setor, até o presente momento da Diretoria Administrativa, para a DL. Não estava, ainda, na DL, porque há falta de um equipamento atualizado e necessário, que é um computador. Nós estamos cedendo, com autorização da Mesa, um dos nossos computadores da Presidência, temporariamente, para que, a partir de agora, esse serviço de composição e revisão de proposições passe a funcionar articuladamente, aqui, com o Setor Legislativo. E com isso vai ser pronto, digamos, o envio, a revisão e composição de todas as proposições, inclusive dessas proposições, a exemplo da que foi de V. Ex.a, que era um pedido de providências. Então, acho que, com isso, estamos dando satisfação ao Ver. Fernando Záchia, ao conjunto dos servidores e aguardamos, portanto, que, a partir desta medida, a gente retome e dê mais agilidade para este tipo de procedimento. Ver. Fernando Záchia, está tudo por escrito e vamos passar às mãos de V. Ex.a.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ (Requerimento): Sr. Presidente, apresentamos um requerimento de alteração na ordem dos trabalhos, que já foi acordada com algumas Lideranças, para que entremos, diretamente, na apreciação dos projetos - PLE nº 052/97, PLE nº 037/99 e PLE nº 042/99 - e, posteriormente, nos requerimentos, na seguinte ordem: 254/99, 16/00, 247/99, 17/00, 19/99, 20/00, Processo nº 2866/99 - Comum – do Ver. Antonio Hohlfeldt, que requer ouvida da Comissão de Constituição e Justiça sobre a Questão de Ordem levantada pelo Ver. Juarez Pinheiro referente ao requerimento de autoria do Ver. João Dib quanto à instalação de Comissão Especial para acompanhar o cronograma de obras aprovadas pelo Orçamento Participativo, e Requerimento nº 188/98.

 

 O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento de autoria da Ver.ª Helena Bonumá. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05 minutos/com aparte;

encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 3324/97 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 052/97, que cria função regida pela Consolidação das Leis do Trabalho, pertencente ao Quadro Celetista em Extinção no Departamento Municipal de Habitação e dá outras providências.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Nereu D’Avila: pela aprovação do Projeto;

- da CEFOR. Relator Ver. João Dib: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB.  Relator Ver. Antônio Losada: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - art. 82, § 1º, III, da LOM.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 052/97. (Pausa.) Em votação. O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há determinadas matérias que, sem entrar no mérito, de uma certa maneira, independem da nossa discussão nesta Casa. Este é um desses processos. Trata-se de uma decisão da Justiça do Trabalho que deverá ser cumprida. Como a Justiça do Trabalho é um âmbito diverso da área de administração e da área legislativa, em cada segmento tem que se fazer um processo paralelo para poder fazer esses atendimentos. O processo administrativo é promover o envio de um projeto legislativo a esta Casa para sua votação. Imaginem os Srs. Vereadores se, eventualmente, a Câmara votasse contrária ao Projeto, criando ao Município de Porto Alegre um problema, sem autorização legislativa, vendo-se obrigado a cumprir a decisão judicial da 18ª Câmara da Justiça do Trabalho. São projetos que, no meu entendimento, é uma perda de tempo que venham até o Plenário da Casa.

O Ver. Lauro Hagemann e eu, e num outro dia com o Ver. Cyro Martini, conversávamos rapidamente sobre isso na CUTHAB. Nós queríamos fazer uma sugestão - que vou formalizar na próxima reunião de Mesa, na quarta-feira - para que esse tipo de projeto não venha a Plenário, que ele vá apenas até a Comissão de Justiça, porque a Comissão de Justiça tem que verificar o chamado processo azul, aquele processo administrativo, se de fato tem base legal, se a Prefeitura fez o que lhe competia, que é a defesa da Prefeitura, e se isso foi cumprido. A partir daí, me parece absolutamente desnecessária a vinda desses projetos para o Plenário da Casa. Nós não temos outra coisa a fazer. No meu entendimento, a Comissão de Justiça dá o parecer e, se ela homologa, é isso, tem que ser feito. A Câmara simplesmente vota isso e resolve o assunto. Nós não temos que ficar perdendo tempo, passando por uma série de Comissões para dizer simplesmente o óbvio, que temos que atender o que a Justiça do Trabalho já definiu.

Eu quero lembrar que no ano retrasado nós tivemos aqui uma enxurrada de processos semelhantes vindos do DEMHAB. Na ocasião, eu cheguei a propor a este Plenário e à bancada governista que nós aprovássemos em bloco esses processos. Realmente, não há o que discutir. Eu posso até, eventualmente, criticar o Prefeito, o secretário ou o chefe de setor que em algum momento provocou a situação que deságua numa decisão da área da Justiça do Trabalho. Isso não vai mudar em nada! O problema é comum e não é só na Prefeitura de Porto Alegre e nesta Administração, vamos deixar bem claro. É comum no serviço público de todo o Brasil, infelizmente, o chamado desvio de função, e, na maior parte dos casos, esses processos advêm exatamente do desvio de função. Se nós pudéssemos, algum dia, identificar quem foram os sujeitos responsáveis pelos desvios de função, que deram as ordens, que provocaram essas situações, e fazer com que eles pagassem, valeria a pena essa briga e essa busca. E como, infelizmente, isso não acontece no Brasil, nós realmente perdemos tempo na análise dessa matéria.

Há uma decisão da Justiça do Trabalho e ela deve ser cumprida. Nós vamos votar este Projeto e vamos votar imediatamente um segundo projeto exatamente igual. Nesse caso, em relação a um motorista do DEMHAB - mais um daquela série - e, logo depois, um outro em relação a um músico, provavelmente da Banda Municipal. Coisas que nós não temos o que discutir.

Portanto, é essa a proposta que eu queria fazer, que, na revisão do nosso Regimento, esse tipo de processo vá à Comissão de Justiça, receba o parecer e venha direto, apenas para homologação aqui no Plenário, porque me parece que é uma absoluta perda de tempo nós termos esses projetos aqui para discutir e votar e nada termos a fazer em contrário. Temos que cumprir a decisão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar o PLE nº 052/97.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, concordo com o Ver. Antonio Hohlfeldt que deve ser simplificado o processo para a criação de vagas para celetistas na Prefeitura Municipal. Já havia proposto à Comissão de Finanças que criássemos dez, quinze ou vinte cargos de motoristas, que ficariam à disposição da Prefeitura Municipal, que os usaria quando decisões judiciais fossem trazidas ao conhecimento da Casa. Quando fiz a minha proposição, queria que as vagas fossem criadas, mas a proposição que fiz seria complementada muito bem pela proposição do Ver. Antonio Hohlfeldt para que a Comissão de Justiça analisasse a documentação, dando o referendo que precisa o Executivo para utilizar as vagas, que teriam sido criadas com antecedência.

Por outro lado, esse problema do músico, evidentemente, deve ser algum funcionário de nível mais baixo que estava sendo utilizado pela Banda Municipal, e é um fato não muito comum. Agora, o caso dos motoristas deve-se à contratação que a Prefeitura faz de veículos - não agora, fez sempre - através de pessoas físicas, e essas pessoas, depois de trabalharem um bom tempo com o carro contratado, ingressam na Justiça do Trabalho e ganham, passando a ser servidores municipais - pela CLT, é verdade -, e deixam de prestar serviço com o seu carro. Passam a ser motoristas empregados da Prefeitura. Isso precisa e espero que a Prefeitura esteja fazendo apenas contratação com a pessoa jurídica. Aí, no caso da pessoa jurídica, vai dificultar. Não vai impossibilitar, mas vai dificultar, em muito, a passagem para o quadro de servidores municipais.

Então, acho que deva ser estudada na Comissão de Justiça, talvez, a proposta do Ver. Antonio Hohlfeldt, juntamente com a proposição que eu faço, e que se crie um número “x” de vagas de motoristas, que é o que aparece mais, e nós estaremos economizando dinheiro do povo de Porto Alegre, porque a tramitação de um processo desse não é barata, custa caro, e não tem sentido quando nós podemos resolver na Comissão de Justiça. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra pelo PT para encaminhar o PLE nº 052/97.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, acho que, ontologicamente, a questão levantada pelo Ver. Antonio Hohlfeldt tem sentido quando buscamos agilizar alguns processos legislativos absolutamente desnecessários. Agora, objetivamente, no que coloca o Ver. Antonio Hohlfeldt, ou seja, a possibilidade de criarmos cargos na Administração Direta ou Indireta sem concurso público, acho que nós teríamos dificuldade de superar, tendo em vista o ordenamento hoje vigente no nosso País, porque a obrigatoriedade de lei para criação de cargos deriva do ordenamento constitucional, passa pela Lei Orgânica, e nós não poderíamos, mediante uma lei ordinária, superar essa dificuldade. Mas, de qualquer forma, mais do que o fato objetivo, vale a posição colocada pelo Vereador, de que venhamos a ficar atentos para que possamos agilizar alguns processos legislativos. Há alguma dificuldade à proposta do Ver. Antonio Hohlfeldt e há também um aspecto que acho importante, de transparência, porque, embora venhamos a votar de uma forma geralmente célere este tipo de processo, seria importante, Ver. João Antônio Dib, que verificássemos o porquê desses funcionários estarem sendo contratados.

Vou dar um exemplo de uma instituição que já dirigi por alguns meses: o Grupo Hospitalar Conceição. Num dado momento, em seis meses foram contratadas setecentas pessoas sem concurso público. Isso gerou, ao longo do tempo, desde 1993, um sério entrave àquela instituição, porque há uma polêmica judicial se esses servidores devam ou não permanecer no serviço público - aquilo lá é uma empresa de economia mista.

Eu entendo que os administradores que contratam indevidamente servidores precisam ser responsabilizados, porque não é possível que o cidadão comum, aquele que paga impostos, por incúria, às vezes, do administrador, acabe tendo de ficar onerado. Nesse sentido eu entendo que é uma proposta, mas precisa ser vista com cautela para que o aspecto da transparência e da legalidade não fique prejudicado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLE nº 052/97. Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05 minutos/com aparte;

encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem apartes)

 

PROC. 3203/99– PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 037/99, que autoriza a alienação de próprio municipal a lindeiro.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto;

- da CEFOR. Relator Ver. Adeli Sell: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Décio Schauren: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – Art. 82, § 1º, VIII, da LOM.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 037/99. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05 minutos/com aparte;

encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem apartes)

 

PROC. 3475/99– PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 042/99, que altera o art. 1º e o Anexo da Lei nº 7670, de 9 de outubro de 1995, que cria  função regida pela Consolidação das Leis do Trabalho pertencente ao Quadro Celetista em Extinção da Administração  Centralizada e dá outras providências.  

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Cyro Martini: pela aprovação do Projeto;

- da CEFOR. Relator Ver. João Motta: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Paulo Brum: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – Art. 82, § 1º, III, da LOM.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 042/99. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Passamos aos Requerimentos.

Em votação o Requerimento nº 254/99, solicitando Moção de Solidariedade à Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus Inácio Montanha pelos 75 anos de luta em defesa da escola pública de qualidade, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Em votação o Requerimento nº 016/00 - Grande Expediente destinado a homenagear o transcurso do 95o  aniversário do Rotary Clube Internacional -, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Em votação o Requerimento nº 247/99 - ouvida da Comissão de Constituição e Justiça para que defina o que se entende por “casos de emergência” ou “calamidade pública”, conforme o inc. IV do art. 24 da Lei Federal nº 8.666/93 -, de autoria do Ver. João Dib.

O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ao longo de onze anos de administração na Prefeitura, o Partido dos Trabalhadores tem contratado servidores baseado na emergência. Até juiz de futebol já foi contratado em caso de emergência.

Hoje, no Rio Grande do Sul, mais de cento e cinqüenta municípios têm decretada situação de emergência. A decretação de situação de emergência faz com que o Município possa ser administrado de forma diferente, mas tem que haver um decreto. Não apenas o Município decreta a situação de emergência, mas o Governo do Estado deve verificar se cabe a decretação de situação de emergência. E aqui, em Porto Alegre, há onze anos, a Prefeitura Municipal, alegando - não decretando - emergência, faz contratações aos milhares e de forma, que eu digo, desonesta. Quando fazia para cento e oitenta dias, improrrogáveis, a contratação, agora é de cento e vinte e já está, também, em sessenta dias, como determina a Lei nº 8.666, das Licitações, art. 24. A Prefeitura chegou a contratar um médico por seis vezes depois de dizer que é improrrogável. Isso não é honesto. E foi o Prefeito que assinou isso, demonstrando que por seis vezes foi contratado aquele médico, enfermeiros quatro, cinco vezes, auxiliar de enfermagem quatro, cinco vezes, havendo vagas para chamar pessoal.

Então, há uma necessidade, entende este Vereador, de decretação de emergência, de calamidade pública. Isso está acontecendo em cento e cinqüenta municípios, uns mais diariamente em razão da seca, outros em razão da inundação, porque aí, então, a administração se faz de forma diferente e a Prefeitura pode receber recursos que não receberia se não houvesse a decretação. Mas a Prefeitura de Porto Alegre, há onze anos, alertada pelo Tribunal de Contas - e eu não entendo o Tribunal de Contas -, vem fazendo contratações por carta-contrato de médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, anestesiologistas, radiologistas, auxiliares de radiologia, auxiliares de administração, advogados, e tudo é absolutamente ilegal.

Eu já fui prefeito e tive duas vezes de decretar emergência e uma vez calamidade pública, e, aí, recebi recursos do Governo Federal. Se não tivesse havido a decretação de emergência ou de calamidade pública, os recursos não poderiam chegar. Então, havia necessidade. Agora, a Prefeitura está sempre em emergência, e sempre emergência significa caos, desorganização, porque não se pode entender que uma Prefeitura, com vagas criadas aqui para médicos, auxiliares de enfermagem e enfermeiros, tendo gente concursada, continue fazendo contratos de sessenta dias, agora prorrogáveis por mais sessenta dias. Recentemente, vi aqui uma carta de um médico contratado por cinqüenta e nove dias improrrogáveis. Eu não entendi. Mas também já vi cartas-contrato do dia 1º de novembro para que o indivíduo, em emergência, entrasse no dia 15 de novembro. Então, realmente, é difícil de entender. E o que eu quero é que a Comissão de Justiça me diga, com clareza, se vale o que diz a lei municipal igual à Lei das Licitações, ou seja, que, em caso de emergência ou calamidade pública, pode ser contratado pessoal, e que explicite que cargos podem ser contratados. Mas a Prefeitura faz tábua rasa e contrata tudo o que quer.

Volto a dizer: não entendo o Ministério Público, não entendo o Tribunal de Contas, e está muito demorada a decisão que tem que vir dessas duas instituições. Mas o dever precípuo de um vereador não é só fazer leis; é fiscalizar o cumprimento da lei. Por isso eu recorri à Comissão de Justiça, pedindo que ela defina se há ou não necessidade de fazer decreto de emergência ou de calamidade pública, para depois, então, contratar. Muito obrigado. Saúde e paz.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, vamos deixar claro que votaremos a favor do Requerimento do Ver. João Dib no sentido de que a Comissão possa propiciar esse debate sobre um tema de tamanha importância para o Município de Porto Alegre, que é a possibilidade de o Executivo, em situações de emergência sazonais, poder chamar pessoal através de cartas-contrato. É importante que nós delimitemos e esclareçamos que situações que até hoje originaram a necessidade de fazermos contratos, chamarmos sem concurso público, foram situações com total justificativa.

O Vereador usou o exemplo da área da saúde. Esse tema foi, de forma extensa, debatido e aprofundado neste Plenário. Nós tivemos a municipalização do serviço de saúde no Município de Porto Alegre. Do dia para a noite, jogaram sobre a estrutura municipal sessenta serviços de saúde que eram de responsabilidade da estrutura estadual, sem o mínimo de condições físicas, tanto em equipamentos quanto em recursos humanos, para serem operacionalizados. Essa situação diferente justificou as cartas-contrato de que, a partir de 97, nós tivemos que lançar mão para fazer os serviços de saúde voltarem a funcionar. Quando foi municipalizado o serviço de saúde em Porto Alegre, quando o Governo do Estado, daquela época, passou sessenta postos de saúde para o Município, passou-os sem a mínima condição de os seus serviços funcionarem, Ver.a Saraí Soares. Portanto, foi necessária uma solução emergencial, e isso justificou as cartas-contrato. Mas o Executivo, responsável e comprometido, junto com isso, encaminhou concurso público e o realizou.

No ano passado, nesta Casa, nós aprovamos projeto criando um conjunto de cargos para fazer valer o concurso público, a fim de substituirmos os trabalhadores por cartas-contrato pelos aprovados no concurso público. É importante que se esclareça como é que nós, da Administração Popular, estamos operando essa situação das cartas-contrato. Outra questão é referente ao Requerimento. Nós vamos votar a favor da sua aprovação para que ele vá para a Comissão de Constituição e Justiça. A Lei de Licitações, nº 8.666, no seu art. 24, parágrafo 4º, não registra que haja necessidade de decreto quando se fala de carta-contrato e de situações de contratação de obras e serviços; são dispensados de licitação. Nem a Constituição Brasileira, quando trata da matéria, fala na necessidade de decreto.

Eu pergunto aos Srs. Vereadores, pergunto aos cidadãos desta Cidade: numa situação como a que relatei - estávamo-nos referindo a uma situação de municipalização e precisávamos de uma solução no outro dia; não podíamos esperar um ou dois meses de debate; tínhamos que, no outro dia, operar um conjunto de serviços que tinha sido municipalizado - então, qual seria a situação efetiva que um Executivo responsável teria que encaminhar?

Portanto, a legislação respalda a forma como estamos executando a questão das cartas-contrato. O debate desta Casa tem que clarear e o Executivo tem de estar autorizado, automaticamente, em situações de emergências sazonais, a contratar este tipo de serviço, porque isso tem, acredito, como objetivo, o melhor atendimento do cidadão da Cidade.

Portanto, vamos votar a favor do encaminhamento: que esse processo vá para Comissão de Constituição e Justiça, onde será aprofundado, e este Plenário deverá estar também aberto à discussão referente à questão da contratação e prestação de serviços no Município de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento nº 247/99, de autoria do Ver. João Dib. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados (Pausa.) APROVADO.

Em votação o Requerimento nº 017/00, de autoria do Ver. Adeli Sell: Moção de Repúdio às declarações ofensivas do Presidente da ABIFARMA na CPI dos Medicamentos. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Em votação o Requerimento nº 019/00: Moção de Protesto à Federação Gaúcha de Basquete e à Empresa Soma Comércio, Distribuição e Representação de Produtos Lotéricos, pela divulgação e venda da loteria instantânea “Bônus Vida com Saúde”, de autoria do Ver. Adeli Sell. O autor está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu gostaria de explicar essa minha proposição, essa Moção de Protesto, porque estou com toda a documentação para comprovar, caso V. Ex.as queiram verificar.

Foi lançada uma raspadinha “Bônus Vida com Saúde”, de tal forma que se confundia com a tradicional raspadinha ”Bônus da Saúde”, com a logomarca igual, só tendo no meio a anotação “vida com”. Não foi distribuído nenhum prêmio dessa raspadinha, e foi muito vendida, até que entrou uma ação na Justiça, quando ela foi apreendida.

Quem está envolvida nisso é a Federação Gaúcha de Basquete e a Empresa Soma Comércio, Distribuição e Representação de Produtos Lotéricos Ltda., que também tem uma série de irregularidades que podem ser comprovadas. Houve a ação da Polícia Civil e agora essa questão está na Justiça, nas mãos do Dr. Raul Casa, no Ministério da Justiça Federal. Eu fui ao Ministério da Justiça e verifiquei as denúncias divulgadas na imprensa, que são todas reais e verdadeiras. O povo do Rio Grande do Sul, e Porto Alegre, em especial, por ser a Capital, comprou essa raspadinha, que não tinha nenhuma autorização, completamente ilegal, e é de uma empresa que tem uma série de irregularidades e que não poderia estar vendendo essa raspadinha. Essa empresa também vende cartões telefônicos e outras coisas.

Nós deveríamos fiscalizar essa questão. Nós, da Comissão de Economia, Finanças e Orçamento, temos, inclusive, que ver alguns aspectos tributários dessa empresa. Os dados estão todos aqui. Não faço nenhuma disputa, não tenho nenhuma apreciação sobre o trabalho que a Federação Gaúcha de Basquete faz. Não quero entrar nessa questão, nem conheço. Talvez outros vereadores aqui conheçam melhor. Mas ela cometeu uma irregularidade. Portanto, a Casa do Povo de Porto Alegre terá que se manifestar sobre a ilegalidade de uma raspadinha que ilude o povo, principalmente o povo pobre que compra, às vezes com um real, com o propósito de ganhar, de melhorar sua vida, e nenhum prêmio foi distribuído, além de não ter autorização para tal.

Por isso, peço voto para uma Moção de Protesto por essa questão tão grave que acabo de relatar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 019/00.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em especial o Ver. Adeli Sell, penso que é importante uma Moção de Protesto - é uma situação de protesto -, mas que fiquemos na Moção de Protesto. Há o Ministério Público, a Polícia Federal, a Secretária da Fazenda do Estado, que cuidam disso. Existia - não sei se ainda existe no atual Governo - uma Comissão de Bingo só para cuidar das autorizações desses sorteios. E se viesse para a Casa, Ver. Adeli Sell - penso que não temos absolutamente nada a ver com isso -, mas, se viesse para a Casa, eu recomendaria a Comissão de Defesa do Consumidor, não a de Orçamento, porque se alguém foi lesado foi o cidadão de Porto Alegre, que comprou. Então, é a Comissão de Defesa do Consumidor que deveria tratar disso, porque cuidaria dos interesses dos cidadãos de Porto Alegre.

Peço a V. Ex.a, Ver. Adeli Sell, uma certa cautela no aspecto da Federação de Basquete. Eu conheço muito bem o Presidente, o Sr. Carlos, que é um homem sério.

Às vezes - e isso a experiência já me mostrou - uma empresa solicita a parceria de uma federação, de uma entidade esportiva, levando toda a documentação necessária para que a federação empreste o seu nome. Mas, com o tempo, percebe-se que essa empresa não está cumprindo o que determina a lei, não repassando o percentual de prêmios. O processo é interrompido, e a federação também é responsabilizada, inclusive sendo até mais responsabilizada do que a empresa, porque na Secretaria da Fazenda e na Receita o responsável é a entidade. Mas asseguro que a Federação Gaúcha de Basquete utilizou-se de boa-fé, diante da sua história e da sua tradição.

Sou contrário a essa Moção de Protesto porque está envolvendo a todos. E a documentação de V. Ex.a constata irregularidades da empresa Soma. Então, encaminho contrariamente à Moção de Protesto porque envolve, também, uma federação que tem credibilidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento nº 019/00. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com votos contrários dos Vereadores Fernando Záchia, João Bosco e Paulo Brum.

Em votação o Requerimento nº 020/00, de autoria do Ver. José Valdir, que requer que o Grande Expediente do dia 27-9-2000 seja destinado a homenagear a Casa Viva Maria. O Ver. José Valdir está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, inscrevi-me apenas para esclarecer que esta Casa teve uma participação efetiva na implantação da Casa Viva Maria, que é uma casa que acolhe mulheres vítimas de violência. E esta Câmara aprovou um projeto de minha autoria, em 1991, que instituiu o Sistema Municipal de Albergues para Mulheres Vítimas de Violência. Já no Governo do Prefeito Tarso Genro, em 1993, foi inaugurado o primeiro equipamento. É o único, hoje, que existe na Cidade, um dos poucos que existe no Brasil, que é a Casa Viva Maria, em cumprimento àquele projeto. Esta Casa participou ativamente, não só por ocasião da votação, da discussão desse projeto de minha autoria, como mais tarde ao ser instalada a Casa Viva Maria. Houve uma polêmica sobre o local da casa. Foi instalada, inclusive, uma CPI nesta Casa, presidida pelo Ver. Omar Ferri. Houve outras polêmicas sobre a localização desse tipo de equipamento. Hoje, está provado que não aconteceu nada daquilo que alguns vereadores, na época, apontavam: que o local era inadequado, que iam surgir problemas com a população.

Peço aos Vereadores para aprovarem este Requerimento em homenagem a uma casa de apoio às mulheres vítimas de violência, cuja iniciativa partiu da Câmara de Vereadores. Se não me engano, o projeto foi aprovado por unanimidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, claro que eu encaminho favoravelmente. Não entendo por que foi escolhida a data de 27 de setembro, não sei se tem alguma vinculação. Mas eu gostaria de deixar claro que eu não vou aceitar que no dia da sessão se faça antecipação do Grande Expediente. Por isso, talvez, o Vereador devesse pedir as Comunicações, no início da sessão, ou fazer o que eu já tenho feito aqui, com sucesso: utilizar a Comunicação de Liderança, o que se faz na hora precisa, sem nenhum problema. Eu não tenho nada contra a sessão. Sou favorável, mas serei contra a antecipação do Grande Expediente nesse dia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Ver.a Maristela Maffei está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 020/00.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, registro a importância do Requerimento do Ver. José Valdir com relação à Casa Viva Maria.

A mulher trabalhadora, dona-de-casa, a mulher mãe e profissional sofre, cada vez mais, a injustiça e as conseqüências de um mundo globalizado e desestruturado. Nós sabemos que a nossa sociedade se baseia em uma estrutura patriarcal e preconceituosa e que a mulher vem sendo discriminada, alijada do processo. Hoje, nós vivemos uma triste realidade, ou seja, a mulher trabalhadora sofre prejuízos com relação à proteção à maternidade. O próprio Presidente Fernando Henrique encaminha ao Congresso um projeto que diminui, em um mês, a licença-maternidade. Há uma violência oculta, invisível, entre quatro paredes, onde a mulher sofre agressões cotidianas, e isso é o pior, porque elas ocorrem dentro de uma estrutura chamada “família”. Muitas vezes, a mulher, por uma questão social e de aparência, mantém o sigilo, a sua dor, a sua agressão oculta.

Portanto, a Casa Viva Maria é um dos poucos lugares onde a mulher pode buscar e ter um espaço para recuperar a sua dignidade, não apenas para que ela tenha um espaço para que as questões de casa melhorem e ela possa retornar, mas, sim, para que possa restabelecer os seus valores, princípios e uma relação com a comunidade, onde tenha espaço para exercer uma atividade profissional e buscar uma alternativa de trabalho, junto com seus filhos, porque sabemos que hoje a mulher é, também, na sua grande maioria, chefe de família e enfrenta uma situação de desemprego, uma situação onde o salário é refém de uma política, onde o salário da mulher é menor que o do homem.

Portanto, esse Requerimento é de suma importância, quando vamos homenagear uma casa que traz ao público uma referência importante para a dignidade da pessoa e, principalmente, para a integridade e a vida da mulher. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

 O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento nº 020/00. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO com a abstenção do Ver. João Dib.

Em votação o Processo nº 2866/99. O Ver. Antonio Hohlfeldt requer manifestação da Comissão de Constituição e Justiça sobre Questão de Ordem do Ver. Juarez Pinheiro referente ao Requerimento do Ver. João Dib quanto à instalação de Comissão Especial para acompanhar cronograma do Orçamento Participativo. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, eu ia pedir votação nominal, mas como V. Ex.a já realizou a votação de forma simbólica, solicito verificação de votação.

 

 O SR. PRESIDENTE: Vamos fazer a verificação de votação.

 

 O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, gostaria de esclarecer que o que está sendo votado não é o Requerimento do Ver. João Antônio Dib, mas um requerimento formulado pelo Ver. Antonio Hohlfeldt com base numa Questão de Ordem formulada por esse Vereador no sentido de que, sempre que uma Comissão Especial for criada, seja verificado primeiro, pois assim determina o Regimento, se as Comissões Permanentes existentes na Casa devem ou não ser ouvidas. Então, é este é o objeto de votação e não o requerimento relativo ao Orçamento Participativo.

 

 O SR. PRESIDENTE: Nós vamos ler, novamente, a ementa do processo. (Lê.) Feitos os esclarecimentos, a Mesa pergunta ao Ver. João Antônio Dib se mantém o seu pedido de verificação de votação.

 

 O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, estou satisfeito e retiro o meu pedido de verificação de votação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento nº 188/98, de autoria do Ver. João Dib, solicitando ouvida da Comissão de Constituição e Justiça para definição das medidas cabíveis decorrentes do posicionamento dessa Comissão, veiculado através do Parecer nº 209/99. O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tenho a preocupação de que haja clareza, precisão e transparência nos atos do Executivo e também nos atos dos vereadores.

O Prefeito de Porto Alegre tem editado decretos sem as razões que o levam a tal medida. Eu penso que quando o Prefeito regulamenta uma lei, e a lei diz que deve ser regulamentada em sessenta, noventa ou cento e vinte dias, ele não precisa fazer mais do que regulamentar a lei. “Decreto que regulamenta a Lei nº tal”, pronto, está tudo muito bem, mas ele não faz isso. É comum a Prefeitura não cumprir os prazos para a regulamentação das leis votadas nesta Casa. Eu não posso entender o Decreto nº 12.072, que, sem nenhum considerando ou explicação, exclui de imunidade ao corte uma figueira nativa localizada na Rua Adão Baino nº 701, no Bairro Cristo Redentor. Há dezenas de decretos como esse, fazendo com que figueiras sejam cortadas sem nenhuma explicação.

Recentemente, trouxe a esta tribuna um decreto do Prefeito sem nenhuma explicação, simplesmente autorizando o corte de apenas cento e quinze árvores que eram imunes ao cortes, por um decreto do Prefeito que o antecedeu, onde havia angicos, aroeiras, uma série de árvores, mas me chamou a atenção o angico, que é madeira de lei. E eu então pedi que a Comissão de Justiça examinasse e eu entendi que não foi conclusivo o Parecer da Comissão de Justiça e não fui entendido, parece. Fiz recurso e o recurso não foi examinado. Então, estou pedindo à Comissão de Justiça que reexamine. Solicito a audiência do Plenário para que sejam definidas as medidas cabíveis, uma vez que o Parecer da Comissão de Justiça conclui que o Decreto nº 12.072 viola a Lei Orgânica, no segundo Parecer.

Então, só quero que o Prefeito esclareça por que faz os seus decretos. Porque esses dias ainda disse que existe uma diferença entre autoridade e autoritarismo. A nós, no passado, diziam que éramos autoritários. Não, nós exercíamos autoridade, porque havia esclarecimento. Fazíamos contratos de obras e os contratos eram aprovados pela Câmara, senão não fazíamos a obra; nós nos submetíamos, quando diziam que tínhamos o autoritarismo em todas as nossas medidas.

Hoje, o Prefeito tem de mandar, segundo a Lei Orgânica, o fluxo de caixa, e ele manda o fluxo de três meses três meses depois. Fluxo de caixa é diário - saber quanto entrou, quanto saiu, para onde foi. E nós não sabemos. Precisa haver um pouquinho mais de respeito do Prefeito com o Legislativo. Como eu posso fiscalizar as medidas do Prefeito se ele não diz por que tomou as medidas? Tudo quanto eu quero é que seja analisada a colocação do Prefeito nos seus decretos. Por que ele faz os decretos? São dezenas de decretos cortando figueiras, cortando outras árvores, palmeiras, enfim, sem que eu saiba o porquê. Sei, por exemplo, que na Rua Vasco da Gama cortaram vinte e duas árvores para vender o terreno. Mas isso não é justo, não é certo. Nós não deixamos que sejam cortadas árvores da comunidade, da população. E a Prefeitura, para vender os seus terrenos, pode cortar árvores? Pode autorizar o corte das árvores? Evidentemente que deve haver alguma explicação. Não sei. Se ele explicasse, eu não estaria nesta tribuna reclamando. Muito obrigado. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para encaminhar pela Bancada do PT.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, desnecessário que venhamos sublinhar, mais uma vez, o trabalho que desenvolve há tantas legislaturas o Ver. João Antônio Dib na fiscalização dos atos do Poder Executivo, sem sombra de dúvida auxiliando, assim, na administração da Cidade. Essa referência, nós, da Bancada do Partido dos Trabalhadores, já fizemos várias vezes e reafirmamos sempre que entendemos necessária.

No presente caso, Ver. João Antônio Dib, porém, V.Ex.a, a nosso juízo, equivoca-se de forma material e também formalmente. Materialmente, com muita inteligência, com muita astúcia, fazendo disputa política, V. Ex.a procura passar a idéia de que nós, aqui, sem embasamento, fizemos o corte de árvores, e com isso escamoteia, usando uma figura de linguagem, de que nós somos a capital com o maior número de área verde por metro quadrado. Quer dizer: a quantidade de área verde de Porto Alegre é destacada nacionalmente - portanto, como convém a uma cidade que preserva a sua questão ambiental. Derivado disso, Ver. João Dib, nós temos, recentemente, recebido uma série de espécies de aves que se deslocam do Interior para a nossa Cidade, um fenômeno absolutamente extraordinário, e V. Ex.a deve, inclusive, conhecer o episódio dos papagaios que povoam o Alto da Bronze, que é uma história maravilhosa.

Formalmente, V. Ex.a se equivoca nesse caso porque busca uma punição, através de um Parecer da Comissão de Constituição e Justiça, por um ato que seria administrativamente ilegal. Acontece que não existe nenhuma legislação, Ver. João Dib, que determine, de forma cogente, que um decreto municipal tenha que ter a sua exposição de motivos. Existe uma máxima no Direito Penal que não existe pena sem que haja uma cominação legal. Portanto, ninguém poderia ser punido se não existe uma determinação no sentido da obrigatoriedade dessa exposição de motivos. Quero dizer a V.Ex.a, porém, que, não procedendo a questão levantada nessa Questão de Ordem, nós estamos dispostos a conversar com o Secretário Municipal do Meio Ambiente, Ver. Gerson Almeida, no sentido de que os decretos tratando de excepcionalidades no corte de determinadas espécies, a partir de agora, tragam essa fundamentação constante dos decretos. V. Ex.a, Ver. João Dib, busca uma punição, como se não houvesse uma motivação. A motivação existe, pois, a qualquer corte de determinada espécie que esteja vedado, existe um processo administrativo e até porque todo o ato administrativo tem que ter uma fundamentação legal. Portanto, a fundamentação existe, apenas ela não estava constante do Decreto.

Nesse sentido, não procede materialmente a questão que V. Ex.a levanta, embora o Parecer da Comissão de Constituição e Justiça assim tenha entendido. Não participei dessa reunião por estar no exercício da Presidência. O Ver. Guilherme Barbosa participou, votou contrariamente ao relatório do vereador designado relator.

Portanto, Ver. João Dib, nós vamos votar contra o seu Requerimento por essas duas razões: Porto Alegre tem uma área verde que é hoje ressaltada no Brasil inteiro como a Capital que mais preserva a questão do meio ambiente, destacando-se também na parte da fauna. V. Ex.a está querendo uma punição para algo que não está cogente. V. Ex.a pergunta, mercê da aprovação do Parecer na Comissão de Justiça, quais as conseqüências. Então, o sentido é da punição.

Por isso, nós, com a vênia da Ver.a Helena Bonumá, Líder da Bancada, estamos dispostos a conversar com o Secretário Gerson Almeida para que nesses decretos conste uma razão fundamentada, seja porque a árvore está necrosada, colocando em risco inclusive a vida da população, ou mesmo o risco material de veículos que estacionem embaixo de suas copas. Estamos dispostos a solicitar que seja colocada, a partir de agora, antes dos artigos do decreto, também a fundamentação, mostrando a nossa boa vontade para com a questão levantada por V. Ex.a. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, eu não estou pedindo permissão ao Prefeito. Eu estou pedindo medidas cabíveis. Uma das medidas cabíveis até o Vereador acaba de colocar: seria a Câmara pedir que, quando editassem decretos, haja os considerandos. Isso é normal. Eu não quero punir o Prefeito, de jeito nenhum. Ele não merece punição por isso aí, não.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 188/98 em nome do PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, atendo uma solicitação do Ver. João Dib e leio o seu Requerimento, que é vazado nos seguintes termos: (Lê.)

“Seja ouvida a Comissão de Constituição e Justiça para definição das medidas cabíveis decorrentes da posição daquela Comissão veiculada através do Parecer nº 209/99.”

Tem razão o Ver. João Dib quando ele consulta quais são as medidas cabíveis e, participando do final do debate, verifico que uma das colocações aqui feitas se insere em posições que já tivemos sobre outras matérias símiles, Ver. Juarez Pinheiro, que participa da discussão, em que até se cunhou um termo, e que V. Ex.a contribuiu de forma muito clara, em um parecer nosso sobre uma matéria, até mais polêmica do que essa, quando nós colocamos a expressão do alertamento do Sr. Prefeito acerca de procedimentos que, no entendimento desta Casa, não são regulares. É verdade que não vamos iniciar um processo de responsabilização do Prefeito em face de que ele não colocou considerando em um decreto e a Casa entende e a Comissão de Constituição e Justiça entende que deveria ter esse considerando, especialmente dando a vinculação à lei pela qual o decreto pode ser expedido. É fundamentação absolutamente necessária à perfectibilidade do instrumento ao alcance do Executivo, desde que satisfeitos alguns requisitos.

Então, me parece, Sr. Presidente, e estou entrando no assunto, com ele andando, que o final do Parecer do Ver. Cláudio Sebenelo diz assim: “Assim, podemos afirmar que o Decreto Municipal nº 12.072, que ora examinamos, viola a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre pelo motivo antes explicado, além de excluir da proteção o corte de um vegetal específico, preservado em lei estadual, para cuja exclusão é também exigida justificativa, não apresentada no referido documento.”

Volto ao Requerimento que agora se discute, do Ver. João Dib, que, em última instância, é indagatório. Qual o procedimento? Qual o caminho? Então, me parece, Ver. João Dib - e eu sei que V. Ex.a não quer cassar o Prefeito, mas V. Ex.a também não quer que o Prefeito reitere práticas que nós entendemos equivocadas -, então me parece, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que eu estou contribuindo com o encaminhamento do processo, ainda que tenha entrado nele já com ele em andamento, dizendo o seguinte: a saída é a Casa promover o que eu chamo de alertamento de S. Ex.a o Sr. Prefeito Municipal de que esse tipo de procedimento está em desacordo com a Lei Orgânica e que até para a convivência salutar e o bom relacionamento dos Poderes é conveniente que não se repita mais. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 188/98.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é claro que o Ver. João Dib, zeloso que é pelo que existe de interesse público em nossa Cidade, quer que a Comissão de Justiça se manifeste no caso desse Decreto nº 12.072. O Decreto nº 12.072 diz que “fica excluída de imunidade ao corte uma figueira nativa” - quer dizer, essa figueira nativa pode ser extirpada – “localizada na Rua Adão Baino nº 701, no Bairro Cristo Redentor”.

Mas, Ver. João Dib, uma das coisas que eu não consigo entender é por que se precisou desse Decreto para retirar essa figueira e não se precisou de decreto para se cortar mais de cem árvores ali na Correa Lima, ou não se precisou de nenhum decreto para se devastar uma grande área na Av. Protásio Alves. Várias espécies foram retiradas! Então, aquela história que eu ouvia, que o PT era defensor do meio ambiente, tinha uma política para o meio ambiente, era história apenas. Ver. José Valdir, V. Ex.a,  que é um professor de História, mas aquela história do seu partido, de defender o meio ambiente, era uma história furada, um conto da carochinha. Era só para enganar as pessoas, porque, fechando os olhos, o PT contribuiu para extirpar mais de cem espécies ali na Correa Lima e para devastar uma grande área na Av. Protásio Alves, lá onde agora há uma invasão de terra.

Então, se, zelosamente, se faz um decreto - esse Decreto 12.072 -, dando oportunidade para que se retire uma figueira centenária, deve, da mesma forma, ser zeloso o Secretário do Meio Ambiente e fazer decreto dizendo, por exemplo, do porquê de tirar mais de cem árvores da Correa Lima. Deveria haver um decreto também explicando para a população que aquela devastação que foi feita na Protásio Alves tinha tais e tais razões.

Então, está correto o Ver. João Dib quando quer apenas que haja uma explicação, até porque todo decreto não pode surgir do nada. Ele tem de estar embasado em algum tipo de legislação. O Prefeito Municipal ou qualquer Executivo não podem, a seu bel-prazer, fazer decretos e mais decretos, pois o decreto tem de estar sempre embasado em alguma legislação. Quer dizer: tem de sempre haver os porquês, e esses porquês ele tem que declarar.

Eu vejo que nos últimos tempos o PT anda com muito medo da Justiça, anda com medo até dos pareceres da Comissão de Justiça. Não sei o que o PT anda fazendo de errado na nossa Cidade para ter tanto medo da Justiça! Eu não sei se é porque ele está perdendo ações no Tribunal de Justiça a respeito do Orçamento Participativo. Perdeu uma ação no caso do Estado, está perdendo uma ação no caso do Município, porque são verbas ilegais para divulgar o Orçamento Participativo. Mas esse medo da Justiça, agora, se consubstancia num medo da Comissão de Justiça. Eles têm medo de um parecer que vai ser dado na Comissão de Justiça para explicar este Decreto nº 12.072. O que será que o PT faz de errado nesta terra? É tanta coisa! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 188/98.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Porto Alegre é a capital mais arborizada do Brasil e também poderia ser a capital brasileira da carroça, porque é a única capital brasileira que tem carroça circulando para coletar lixo. Apesar de lei, Ver. Luiz Braz, o Prefeito vetou, a Câmara derrubou seu veto e ele ingressou na Justiça contra alguns dos artigos, mas a lei define o perímetro em que as carroças podem circular, mas a Prefeitura não respeita.

A capital brasileira de maior número de árvores é Porto Alegre, mas vamos esclarecer que isso não se deve às atuais administrações e, sim, às administrações nossas: Parque Marinha do Brasil, Parque Maurício Sirostsky Sobrinho, Parque Moinhos de Vento, Parque Chico Mendes, Parque 20 de Maio, Parque Humaitá e centenas de praças que nós fizemos. Nós reconhecemos que a capital brasileira de maior número de árvores é Porto Alegre. Mas “nós” fizemos isso! Nós tivemos tanto respeito pelas árvores, que o Prefeito Telmo Thompson Flores, quando abriu a II Perimetral - a Goethe -, não a construiu na plenitude da largura projetada porque teria de derrubar alguns jacarandás.

O atual Secretário do Meio Ambiente, Ver. Gerson Almeida, recentemente homenageou aqui aquele estudante que subiu numa árvore impedindo que ela fosse derrubada, ali, na João Pessoa, há vinte e cinco anos. A árvore continua lá porque aquele jovem, hoje um homem formado, útil à sociedade, impediu a sua derrubada. Aquela época era a do autoritarismo! Não era da autoridade? Não! Aquela era a época da autoridade, autoridade capaz de analisar, capaz de esclarecer, capaz de dizer o porquê! Mas agora, não; agora nós somos autoritários, nós emitimos as leis. Nós, que ontem homenageamos aquele que não permitiu a derrubada de uma árvore, hoje autorizamos a derrubada de centenas delas. Fica muito difícil!

Provavelmente a Bancada do PT, na sua unanimidade, vote contrariamente à posição colocada por este Vereador. Eu não me incomodo. Não me vou incomodar, porque o objetivo maior foi alcançado: ficou claro, preciso e conciso que decreto tem de ter considerandos, e o próprio representante do PT, no debate, também entendeu assim, porque é um homem sério, é um homem responsável e porque viu que eu não estava querendo nada contra o Prefeito. O que eu quero é o esclarecimento, o que eu quero é a verdade, o que eu quero é a transparência, o que eu quero é a luz. Feito isso, não há por que reclamar. Talvez o Prefeito tenha sobradas razões para fazer o que está fazendo; talvez o Secretário do Meio Ambiente seja capaz de justificar o que está acontecendo. Eu até entendo.

Quando fui secretário dos Transportes pela primeira vez, na Administração Loureiro da Silva, foi feito o belvedere Rui Ramos, e uma das figueiras mais bonitas de Porto Alegre está exatamente lá no topo do belvedere. Aquela figueira foi transplantada adulta pela Secretaria dos Transportes sob o comando do Arquiteto Cláudio Ferraro, que estava na Divisão de Praças e Jardins e que pediu o socorro da Secretaria para transplantá-la. Ela foi transplantada e está lá, e não havia nenhuma lei municipal, nenhuma lei estadual determinando que as figueiras fossem imunes ao corte. Hoje há lei, e, de repente, o Prefeito, por um decreto, manda cortar figueiras. Não entendo mais nada, pois o Secretário do Meio Ambiente, que elogiou tanto um jovem que não permitiu a derrubada de uma árvore - e se fez o desvio de um viaduto para atender aquele jovem, atender aquele anseio -, mostra o que é autoridade, o que é autoritarismo. Autoritarismo faz um decreto, não diz por que e sou obrigado a aceitar.

O Prefeito é o prefeito de todos nós. Meu também, Ver. Luiz Braz. Não queria que fosse, mas o é. Enquanto ele for prefeito, defendo a instituição Prefeitura Municipal de Porto Alegre, tendo no seu comando o Dr. Raul Jorge Anglada Pont. Saúde e paz.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento nº 188/98, de autoria do Ver. João Dib.  (Após a apuração.) Dois votos SIM e 10 votos NÃO. A votação é considerada nula por falta de quórum deliberativo.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 12h15min.)

 

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